Moradores pedem cassação de todos os vereadores eleitos em 2012
Dezenas de moradores pediram ontem à noite a cassação dos 13 vereadores eleitos em 2012 em Naviraí, cidade a 366 km de Campo Grande. Convocada através de redes sociais, a manifestação não teve a adesão esperada. Uma representante da comunidade usou a tribuna livre para defender que todos os citados na Operação Atenas, da Polícia Federal, percam o mandato.
A manifestação foi uma resposta à afirmação do advogado do vereador Marcus Douglas Miranda, um dos presos na operação. Em pedido de habeas corpus ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), o advogado alegou não existir mais o motivo da repercussão social. “Já faz parte do passado. O caso não é mais comentado pela população de Naviraí”, afirmou a defesa.
Quatro vereadores estão presos – Cícero dos Santos, Marcus Douglas, Carlos Alberto Sanches e Adriano José Silvério –, a vereadora Solange Melo renunciou no dia 7 de novembro, Elias Alves, Gean Carlos Volpato e Vanderlei Chagas estão afastados.
Cinco continuam nos cargos – o presidente em exercício Moacir Aparecido de Andrade (PTdoB), Mário Gomes (Pros), José Roberto Alves (PMDB), Jaime Dutra (PT) e José Odair Gallo (PDT). Eles chegaram a ser denunciados pelo Ministério Público acusados de ligação com o esquema de corrupção, mas o juiz Eduardo Magrinelli Junior não acatou a denúncia por não ver indícios da participação dos cinco nos crimes apurados pela PF.
A líder comunitária Jocimaria dos Santos, presidenta da Associação de Moradores do Jardim Ipê, Joci ocupou a tribuna livre para cobrar celeridade nos trabalhos das comissões processantes que podem levar à cassação dos quatro vereadores presos e dos três afastados. Segundo ela, no entendimento da maioria da população deve prevalecer o parecer dos promotores Paulo Riquelme e Letícia Rossana Ferreira, que denunciaram todos os 13 vereadores por corrupção.
“Inocente” – Após o discurso da líder comunitária, o vereador José Odair Galo se defendeu das acusações e negou ligação com o esquema de corrupção que teria sido montado pelo presidente afastado Cícero dos Santos, o Cicinho do PT.
“Tem que haver as investigações e os manifestantes precisam mesmo fiscalizar a Câmara, mas é preciso cautela antes de acusações. Não devem ser penalizados aqueles que não merecem ser penalizados", declarou o vereador pedetista. "Não tenho feito nada de errado e estou em paz com a minha consciência. E sei que quem conhece meu trabalho, acredita nisso".
De acordo com o site Sul News, desde o início do mandato, Gallo optou pelo isolamento e fazia oposição a Cícero dos Santos. O vereador disse que votou contra a eleição de Cicinho do PT e também foi contrário à antecipação da escolha da mesa diretora, eleita em maio do ano passado, para o biênio 2015/2016. “Infelizmente não fui uma voz ouvida na Câmara nos últimos dois anos”, declarou José Odair Gallo.
Em 2009, então presidente da Câmara de Naviraí, Odair Gallo foi preso durante a Operação Owari, que levou vereadores, secretários e empresários de Dourados para a prisão, acusados de fraudar licitações. Entretanto, ele escapou do processo depois que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul considerou ilegal a gravação da PF que o incriminava no caso.
