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Interior

Delegado da PF atribui corrupção a "ganância de vereadores"

Caroline Maldonado | 08/10/2014 16:42
Operação começou as 6h de hoje (Foto: Divulgação/PF)
Operação começou as 6h de hoje (Foto: Divulgação/PF)

O delegado responsável pela investigação que aponta seis vereadores de Naviraí, a 366 quilômetros de Campo Grande, Nilson Zoccarato, atribuiu a corrupção verificada à ganância dos parlamentares e disse que o dinheiro extorquido de empresários não era usado apenas em campanhas políticas.

Segundo o delegado, os agentes preferiram esperar o fim das eleições para iniciar a Operação Atenas a fim de que os envolvidos não reclamassem de perseguição política. “O que foi levantado é que a corrupção é devido a ganância dos vereadores, não só em razão das eleições, uma vez que eles investiam em imóveis e existem indícios de que estavam lavando dinheiro da corrupção por meio de empresas”, disse o delegado.

Membros do MPE (Ministério Público Estadual) e o superintendente da PF (Polícia Federal), Edgar Marcon, não informaram se os estabelecimentos vistoriados e interditados hoje eram empresas que lavavam dinheiro, mas disseram que havia lavagem e também alguns empresários eram extorquidos durante a legalização do empreendimento.

“Era o famoso 'vender dificuldades para cobrar facilidades'. Alguns vereadores estavam extorquindo empresários da cidade para que a medida que conseguissem a liberação dos seus comércios através do pagamento de propina”, explicou o superintendente da PF. confirmou que a gerente do Núcleo de Habitação Popular, Vera Braga, também foi conduzida a delegacia para prestar esclarecimentos nesta manhã, mas disse que não poderia dar detalhes sobre isso.

O prefeito de Naviraí, Leandro Peres de Matos, disse que Vera foi chamada apenas para prestar esclarecimentos sobre a gestão passada e não é suspeita de envolvimento do esquema criminoso. “Prefiro não me manifestar ainda porque não tenho conhecimento dos autos do processo. A cidade foi pega de surpresa e vamos esperar para saber o que está acontecendo”, disse.

De acordo com o superintendente, é possível que tenham mais pessoas envolvidas no esquema, além dos presos e ouvidos hoje. O delegado complementou que as investigações continuam e haverá ainda outras operações. “A PF está trabalhando bastante em cooperação com o MPE, então não pode-se dizer que essa foi a maior operação. Nós pretendemos fazer ainda outras operações dessa envergadura”, revelou.

Prisões - A partidas 6h de hoje, foram pressas 10 pessoas, dentre elas o presidente da Câmara Cícero dos Santos, o Cicinho do PT, os vereadores Marcus Douglas Miranda (PMN), Adriano José Silvério (PMDB), Solange Olímpia Pereira de Castro Melo (PSDB), Carlos Alberto Sanches, o Carlão (PSDB) e Vanderlei Chagas (PSD) e um assessor da Câmara.

Outras três pessoas foram presas temporariamente, segundo a polícia. São eles dois assessores da Câmara e a mulher de Cicinho do PT, Mainara Santos, dona de uma loja em Naviraí. Carlos Alberto Sanches e Vanderlei Chagas estavam em Campo Grande e quando souberam da operação procuraram a PF na capital e se entregaram. Os demais foram presos em Naviraí. Outras 28 pessoas foram levadas para a delegacia da Polícia Federal para depoimentos, que devem durar o dia todo.

A operação que conta com o trabalho de 200 policiais, cumpriu 40 mandados de busca e apreensão de 27 veículos, um barco, uma moto e R$ 70 mil em dinheiro; além de quatro armas de porte ilegal.

Policiais apreenderam veículos e dinheiro (Foto: Divulgação/PF)
Policiais apreenderam veículos e dinheiro (Foto: Divulgação/PF)

Esquemas – Segundo o delegado, os funcionários comissionados de alguns vereadores só eram contratados se aceitassem uma imposição, que seria devolver ao vereador parte do salário recebido. “Aí o funcionário era obrigado a contrair empréstimo nos bancos e passar o dinheiro para os envolvidos”, explicou Nilson.

As investigações, baseadas também em escutas autorizadas pela justiça ,apontam que os envolvidos fraudavam licitações e recebiam diárias da Câmara por viagens que não aconteceram.

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