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Interior

Motorista de traficante levou 9 tiros de fuzil e está na UTI após atentado

Everson Mereles está no Hospital Regional de Ponta Porã; atentado é mais um capítulo da guerra travada entre traficantes pelo controle do crime na fronteira do Brasil com o Paraguai

Helio de Freitas, de Dourados | 19/03/2019 10:29
Perito da Polícia Civil tira fotos de caminhonete crivada de tiros na noite de ontem em Ponta Porã (Foto: Porã News)
Perito da Polícia Civil tira fotos de caminhonete crivada de tiros na noite de ontem em Ponta Porã (Foto: Porã News)

Sobrevivente do ataque a tiros de fuzil na noite de ontem (18) na fronteira, o paraguaio Everson Escobar Mereles está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Regional de Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande.

De acordo com a assessoria do hospital, Everson levou pelo menos nove tiros de fuzil calibre 7,62, mas nenhuma bala atingiu órgãos vitais.

A maioria dos tiros atingiu as pernas dele, que estava no banco do motorista da caminhonete Toyota Hilux blindada. O paraguaio passou por cirurgia durante a madrugada e o quadro é considerado estável. O carro usado pelos pistoleiros, um Jetta, foi encontrado em chamas na manhã de hoje, na zona rural de Pedro Juan Caballero.

Logo após o atentado, quando ainda estava na caminhonete, Everson mandou um áudio pelo celular a um amigo, pedindo para buscar a mãe. Ele estava na companhia do também paraguaio Jorge Enrique Fernández, 29, que morreu no ataque. Everson deixava Jorge Enrique em casa, em um condomínio localizado na Avenida Brasil, centro de Ponta Porã.

A polícia suspeita que Jorge Enrique era o principal alvo do atentado. Apontado como piloto do tráfico e ligado ao narcotraficante brasileiro Jarvis Gimenez Pavão, atualmente recolhido no Presídio Federal de Mossoró (RN), Jorge tinha escapado de um ataque a tiros, em maio de 2016, em Pedro Juan Caballero.

Guerra continua – Policiais da fronteira suspeitam que o ataque foi ordenado por grupos criminosos que tentam impedir a quadrilha de Pavão de se rearticular na Linha Internacional.

Com a prisão do brasileiro Sergio Quintiliano de Arruda Neto, o Minotauro, em fevereiro deste ano no litoral catarinense, o tráfico de drogas e de armas na fronteira voltou a ficar sem um chefão. “A disputa está aberta”, afirmou uma fonte ao Campo Grande News.

Nos últimos meses, várias pessoas ligadas a Pavão foram alvos de atentado nas duas cidades fronteiriças. O sobrinho dele sobreviveu a um ataque com tiros de fuzil em Pedro Juan Caballero no final de novembro do ano passado.

Duas semanas depois, o tio do narcotraficante, o político e empresário pontaporanense Francisco Novais Gimenez, o Chico Gimenez, foi executado em sua casa, no centro de Ponta Porã.

Policiais da fronteira afirmam que facções brasileiras, principalmente PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho, mantêm a guerra contra os grupos rivais, para evitar que reassumam o controle do crime na região, como ocorria na época de Jorge Rafaat – executado em junho de 2016.

Veja abaixo mais imagens do local do atentado:

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