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Interior

MST pede suspensão de reintegração de área ocupada por mil famílias

Fazenda Saco do Céu foi ocupada em agosto e no dia 10 deste mês juiz determinou a reintegração da área de 5.800 hectares

Helio de Freitas, de Dourados | 26/10/2015 10:44
Trabalhadora rural é uma das mil pessoas que ocupam fazenda há dois meses (Foto: Divulgação/MST)
Trabalhadora rural é uma das mil pessoas que ocupam fazenda há dois meses (Foto: Divulgação/MST)

Famílias sem-terra que há dois meses ocupam a fazenda Saco do Céu, no município de Nova Andradina, a 300 km de Campo Grande, querem barrar a ordem de reintegração de posse, determinada no dia 10 deste mês pelo juiz da 2ª Vara Cível da comarca, Robson Celeste Candelorio.

De acordo com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), até agora o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não se posicionou sobre a reivindicação das famílias, que querem a aquisição da fazenda, de 5.800 hectares, localizada próxima ao distrito de Casa Verde.

No pedido encaminhado ao juiz, os sem-terra pedem a suspensão da reintegração de posse até um posicionamento oficial do Incra sobre a possibilidade de compra da fazenda e até a colheita das lavouras plantadas na área durante os dois meses de ocupação.

Ordem de despejo – A reintegração de posse da área foi solicitada pela proprietária, Anely Conceição Liguori Tomaino. O juiz acatou o pedido e determinou “pronta retirada dos invasores que se encontram dentro do imóvel rural, com o auxílio de força policial se necessária ao efetivo cumprimento desta decisão”.

Em nota, as famílias alegam que a ocupação da fazenda ocorreu diante da “inércia” dos órgãos responsáveis em agilizar a reforma agrária em Mato Grosso do Sul. “Cansadas de esperar anos, décadas, embaixo da lona preta, algumas com mais de 12 anos vivendo em acampamentos na beira da estrada, as famílias arriscam suas vidas para garantir um pedaço de terra, onde possam criar seus filhos e viver com dignidade”, afirmam os trabalhadores do MST.

O movimento denuncia também a presença de milícias armadas na área, “ameaçando a integridade física de mulheres, crianças e idosos que estão acampados em busca de uma vida digna”.

De acordo com o MST, a decisão de encaminhar um requerimento ao juiz Robson Candelorio foi tomada em assembleia geral das famílias que ocupam a fazenda. Também cobram do Incra e dos organismos responsáveis as garantias para que possam colher o que foi plantado na terra após a ocupação. “Este requerimento também tem como objetivo garantir a segurança destas famílias acampadas e evitar qualquer confronto com as forças policiais que devem ser chamadas para a despejo dos sem-terra”, diz a nota.

O MST informou ter conhecimento de que a área já foi vistoriada pelo Incra e que a proprietária teria manifestado interesse em vender a fazenda, “mas a situação não se resolve e enquanto isso famílias vivem em acampamentos às margens de rodovias”.

Nesta segunda-feira o Campo Grande News procurou o superintendente regional do Incra, Sidney Ferreira de Almeida, mas o assessor informou que ele estava em um evento externo e que só poderá falar sobre a reivindicação dos sem-terra à tarde.

Trabalhadores sem-terra querem prazo para colher lavoura plantada em área ocupada (Foto: Divulgação/MST)
Trabalhadores sem-terra querem prazo para colher lavoura plantada em área ocupada (Foto: Divulgação/MST)
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