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Interior

Na memória de funcionários em MS, crime bárbaro levou patrão atencioso

Ele foi morto a facadas ao lado da filha Jaqueline Soares e da esposa Helena Marra; o genro está preso

Geisy Garnes | 10/08/2021 11:31
Corpo do casal estava na cozinha e da filha em uma banheira, no segundo andar da casa. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Corpo do casal estava na cozinha e da filha em uma banheira, no segundo andar da casa. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

O patrão que mais parecia pai, dedicado e atencioso. Assim que o empresário sul-mato-grossense Antônio Soares dos Santos, de 65 anos, é descrito pelos funcionários. Ele foi assassinado a facadas ao lado da filha Jaqueline Soares, de 39 e da esposa, Helena Marra dos Santos, 59 anos, na noite de domingo (8), em Umuarama, no Paraná.

Desde 2003, Maria Aparecida Laureano trabalha na loja A Incendiária, que pertence a Antônio, em Mundo Novo. Os anos de convivência, conta, foram marcados por uma relação muito mais próxima que a profissional, tornaram patrão e funcionários uma família. “Ele era uma pessoa maravilhosa, não é só um patrão, ele era um amigo, um pai que estava ali sempre apoiando”.

Por onde passou, conta Maria, o empresário ajudou quem pôde. Mantinha uma rotina de cuidado com as empresas: morava em Umuarama, no Paraná, mas passava a semana se dividindo entre Guaíra, Naviraí e Mundo Novo, onde mantinha lojas de tecido e roupa. Hoje, os três estabelecimentos estão fechados em luto pela perda de sua principal figura.

O apoio incondicional e o carinho com a equipes faziam com que o trabalho fosse leve, com que os funcionários gostassem de estar todos os dias na loja. Com a morte de Antônio, fica a incerteza e a saudade.

“A gente não sabe nem como a gente retorna sem ele ali, sem a presença dele, ele ensinou muita coisa para gente. Muita gente me pergunta, o que vocês vão fazer? Sem o seu Antônio? Ele era nosso orientador, ele era a pessoa que estava ali, puxando nossa orelha, sempre se dedicando, ligava para gente todos os dias, era sagrado, não tinha um dia que ele não ligava para saber como a gente estava, era aquela pessoa preocupada com a gente e a gente sempre preocupada com ele”.

Enquanto tenta compreender a morte da Antônio, Maria falava do carinho de pai, dos dias em que ele se juntava a família dela para comer frango caipira e da última vez que o viu, no sábado (7), em mais uma das despedidas dos fins de semana. “Mariinha, vou ali e já volto. Essa era a frase dele toda a vez que ele ia. Mas dessa vez ele foi para sempre”.

A dor ainda piora quando pensa sobre a forma que Antônio se foi. “Sem explicação, uma coisa assim que não tem perdão, é um mostro que fez uma coisa dessa. Espero que a justiça seja feita”, desabafa.

A força, conta Maria, vem da vontade de continuar os planos do chefe, que ainda sonhava em expandir as empresas e investia no treinamento dos funcionários, para que todos evoluíssem juntos. “Ele falava assim, Mariinha um dia eu vou partir, mas a gente não esperava que ele ia partir com essa crueldade. Mas ele partiu e nos deixou apenas com a saudade mesmo”.

Os funcionários chegaram a ir até Umuarama para se despedir de Antônio, mas os corpos serão sepultados na cidade da mulher, Helena, em Pires do Rio, estado de Goiás e, por isso, não conseguiram acompanhar o velório.

Jean Michel de Souza no momento em que foi encaminhado para a carceragem da cadeia de Umuarama. (Foto: OBEMDITO)
Jean Michel de Souza no momento em que foi encaminhado para a carceragem da cadeia de Umuarama. (Foto: OBEMDITO)

Assassino – Desde ontem (9), a polícia do Paraná mantém o empresário Jean Michel de Souza preso pelo assassinado de Jaqueline e dos pais. Ele era casado com a advogada, mas segundo testemunhas, viviam relacionamento conturbado, cheio de idas e vindas. O casal era proprietário de uma loja de aviamentos em Umuarama.

Amigos afirmaram a polícia que Jean demostrava ciúmes exagerado com a mulher, mas tinha histórico de traições. Além disso, Jaqueline reclamou de agressões e abusos cometidos pelo marido. Ele também não tinha boa relação com os sogros, que cobravam uma mudança de comportamento dele.

Conforme divulgado pelo portal O Bem Dito, preso pelo crime, Jean negou o assassinato da família e se negou a responder várias perguntas da polícia. Apesar disso, as provas encontradas no local do crime garantem a polícia certeza na autoria.

Dentro da residência, os peritos encontraram pegadas de chinelo em uma das poças de sangue. O calçado é semelhante com o usado pelo empresário. Manchas de sangue também foram localizadas na lavanderia da casa da mãe de Jean e no volante do carro dele, um Astra prata.

Ainda não há certeza sobre a dinâmica do crime, mas informações preliminares apontam que Antônio foi o primeiro a ser morto, com golpe no pescoço. Helena Marra foi assassinada em seguida, a poucos metros do marido, também com uma perfuração no pescoço.

Jaqueline foi encontrada no andar de cima, dentro de uma banheira. Para a polícia, isso indica que ela tentava se esconder do assassino. O corpo dela apresenta pelo menos cinco ferimentos, no peito e nos braços.


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