Operação desmonta “quartel” do PCC com aparato militar internacional
Chefões do tráfico foram presos com 245 quilos de maconha, 10 carros e até granada da Otan em operação da Senad
Operação do Senad, a Secretaria Especial Antidrogas do Paraguai, desarticulou o que as primeiras investigações indicam ser forte aparelho logístico utilizado por chefões do PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. As prisões ocorreram em Capitan Bado, separada por uma rua de Coronel Sapucaia, a 400 km de Campo Grande, neste sábado (29).
Na lista de 10 prisões citadas até agora, uma é de brasileiro foragido da Justiça brasileira e apontado como forte liderança dentro da facção. João Paulo Silva Gomes, 28, é natural de São Paulo, segundo a Senad, e foi preso em uma das 4 casas que passaram por varredura dos agentes desde a madrugada no bairro Chaco, em Capitan Bado, província de Amambay.
Entre os presos, 8 seriam brasileiros do PCC, segundo o site MS em Foco. O site ainda afirma que toda a operação foi articulada em torno da figura de João Paulo. Além dele, os agentes também prenderam um paraguaio de 27 anos identificado como Leandro Arce Cantaluppi, nascido em Capitan Bado e foragido da Justiça paraguaia. Conforme o portal, Leandro seria o responsável pela logística e o fornecimento de armas para os membros do PCC.
Quartel do PCC e maconha – Na casa onde a polícia prendeu João Paulo, os agentes encontraram diversos aparatos de uso militar, incluindo equipamentos de uso restrito de forças internacionais, como uma granada identificada com símbolo da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e colete de uso tático a prova de balas, de cor cáqui, com a inscrição “montanha” na região do peitoral.
Confira o vídeo do local:
O MS em Foco citou o local como “quartel” do PCC e afirma que toda a ação contou com a participação de dezenas de policiais e promotores e que ao menos três residências foram “varridas” pelos agentes durante a madrugada. Dentro do “quartel”, 245 quilos de maconha estavam guardados.
Até carros importados – Além da carga de maconha e de todo o aparato militar, os agentes também apreenderam dois carros importados, incluindo uma mitsubish modelo outlander e um audi modelo Q5, avaliado em mais de R$ 250 mil. Os dois veículos têm placas do Paraguai. No total, segundo o site, 10 veículos foram apreendidos.
Na casa onde a maior parte do aparato militar foi apreendida junto com a droga, seis brasileiros foram presos. Os agentes também apreenderam, ao longo da ação, armamento e munições, incluindo arma famosa, utilizada pelo Exército da Áustria, mas também nas execuções que ocorrem nessa região de fronteira. A Glock modelo 17 encontrada com João Paulo foi trazida dos Estados Unidos, segundo a Senad.
Fabricada na Áustria, é o modelo mais famoso da marca e é notória pela rapidez e automação. A operação do grupo de elite paraguaio – que é equipado e treinado por agentes da DEA (o Departamento Antidrogas dos EUA), ocorreu neste sábado na região localizada ao sul da fronteira, a pouco mais de 20 km onde os traficantes escondem áreas que produzem maconha.
A droga estava dividida em bolsas, segundo os agentes, que também encontraram equipamento seletor de tiro, para ser utilizado com a arma de fogo e um carregador com capacidade de 17 tiros.

Dentro da arma, haviam 17 cartuchos de 9 milímetros intactos. Os agentes do Senad ainda apreenderam dois carregadores 9 mm com capacidade para 30 cartuchos, mas com 61 cartuchos também intactos. Na lista divulgada pela Senad até agora, ainda constam dois carregadores portáteis, e coldres diversos, incluindo para carregadores de pistola.
A Senad ainda não divulgou mais detalhes da operação, que foi realizada por agentes da unidade especializada no combate ao narcotráfico em Pedro Juan Caballero, que faz divisa com Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, na fronteira Paraguai-Brasil.
Todos os presos, segundo o MS em Foco, serão ouvidos no final de semana pelas autoridades judiciais do Paraguai e os brasileiros deverão ser expulsos do país e entregues para a Polícia Federal brasileira assim que os processos de extradição forem concluídos.