Operação Prelúdio investiga golpe milionário envolvendo mãe de santo
Mandados de busca e sequestro de bens estão sendo cumpridos por equipes da Polícia Civil em Dourados
A Polícia Civil desencadeou nesta quinta-feira (19) a Operação Prelúdio, como parte das investigações sobre o golpe milionário contra uma empresa de máquinas agrícolas de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Os mandados são cumpridos por agentes do SIG (Setor de Investigações Gerais).
O esquema envolvendo duas mães de santo de São Paulo e uma funcionária da empresa desviou R$ 50,8 milhões durante 30 dias, entre agosto e setembro deste ano.
A reportagem apurou que os alvos das buscas de hoje são a funcionária, que ocupava o cargo de coordenadora financeira da empresa até ser afastada após ela procurar a polícia no início de outubro para denunciar o desvio, o noivo dela e a mãe de santo paulista Juliana Sambugaro, a “Mãe Ju”.
No dia 14 de outubro o Campo Grande News tinha revelado que a mulher de 34 anos tinha passado de vítima a suspeita por causa do patrimônio incompatível com o salário mensal de R$ 4.500 que recebia na empresa.
As buscas desta quinta-feira ocorrem nos imóveis vinculados à funcionária e ao noivo dela. Um dos locais fica no Jardim Flórida, região oeste da cidade, onde fica também a empresa agrícola. A polícia também cumpre o sequestro judicial de bens da funcionária e da mãe de santo. A ordem judicial foi direcionada ao Detran de SP e a cartórios de registro de imóveis localizados no estado paulista.
O patrimônio da funcionária está avaliado em pelo menos R$ 5 milhões, fruto, segundo a investigação, do dinheiro desviado por ela do cofre da empresa ao longo de uma década. O nome da operação significa "o começo de tudo".
O caso – Em setembro, a funcionária procurou a polícia e denunciou ter sido vítima de extorsão por parte de duas mães de santo, de São Paulo. Ela relatou que durante 30 dias, como “penitência espiritual”, fez transferências diárias de dinheiro da empresa para 11 contas bancárias indicadas pela “Mãe Jade”, ainda não identificada pela polícia, e por Juliana Sambugaro.
No final dos 30 dias, o montante desviado somou R$ 50,8 milhões, valor que espantou até mesmo os policiais envolvidos na investigação.
A mulher alegou ter se submetido à extorsão diante das ameaças feitas pelas mães de santo, de que se não cumprisse a penitência poderia ser vítima de “espíritos malignos” até cometer suicídio.
De início a polícia chegou a cogitar a possibilidade de que ela tivesse feito o desvio por problemas psicológicos. Há pelo menos dois anos ela fazia consultas online, primeiro com Mãe Ju e depois com a Mãe Jade.
Entretanto, assim que passaram a investigar o caso, os policiais perceberam que a coordenadora financeira da empresa mantinha padrão de vida incompatível com o salário mensal.
A reportagem apurou que não há por enquanto suspeita de que parte da bolada de R$ 50,8 milhões tenha sido desviada em benefício próprio da funcionária.
Entretanto, a investigação concluiu que ela desviada dinheiro da empresa há algum tempo e procurou as mães de santo para manter a história escondida através de “cadeados”, que seriam instalados pelas gurus espirituais.