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Interior

Paraguai liga mortes de 2016 e ontem em Ponta Porã à guerra de facções

Policiais afirmam que os dois homens mortos no bairro Nova Lima eram do PCC e pistoleiro executado ontem era do Comando Vermelho; para polícia de MS, crime de 2016 foi passional

Helio de Freitas e Viviane Oliveira | 25/01/2017 10:19
Caminhonete de pistoleiro foi cercada por Ônix e motorista metralhado (Foto: Última Hora)
Caminhonete de pistoleiro foi cercada por Ônix e motorista metralhado (Foto: Última Hora)
Ezequiel seria do Comando Vermelho, segundo polícia do Paraguai (Foto: Alcides Neto)
Ezequiel seria do Comando Vermelho, segundo polícia do Paraguai (Foto: Alcides Neto)

A execução de Ezequiel Romero Spinoza, 29, na manhã de ontem em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, é mais um capítulo da guerra de facções criminosas pelo controle do crime organizado na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

Policiais do país vizinho afirmam que Ezequiel – acusado de assalto em Assunção, em 2011, quando tinha 23 anos de idade – e os dois homens que estavam com ele ontem na hora do ataque faziam parte da facção criminosa carioca Comando Vermelho.

À imprensa do país vizinho, fontes policiais dizem acreditar que os quatro pistoleiros que estavam no Ônix vermelho são soldados do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Ainda conforme policiais paraguaios, a execução de Ezequiel pode estar ligada à morte de Magno Gauber Guimarães e Ailton Márcio de Oliveira Ferreira. Os dois foram mortos por Ezequiel no dia 12 de agosto do ano passado no bairro Nova Lima, em Campo Grande.

Um mês após o duplo homicídio, Ezequiel se apresentou na 2ª Delegacia de Polícia da Capital, confessou o crime e disse o motivo era passional. Entretanto, a polícia paraguaia afirma que Magno e Ailton eram do PCC e foram mortos quando tentavam executar Ezequiel por ordem da facção.

Delegado admite ligação – O delegado Weber Luciano Medeiros, da 2ª DP de Campo Grande, que presidiu o inquérito sobre o duplo assassinato no bairro Nova Lima, reconheceu hoje (25) que as mortes de 2016 e a execução de Ezequiel podem estar ligadas à guerra do crime organizado.

Segundo o delegado, durante as oitivas sobre o duplo homicídio houve quem falasse em briga entre as partes por descumprimento de acordo comercial. “O Ezequiel, ouvido duas vezes na delegacia, relatou que havia um confronto de interesse financeiro, mas que acreditava que a motivação para o crime era passional”, afirmou Weber Medeiros ao Campo Grande News.

Ezequiel foi indiciado por duplo homicídio e porte ilegal de arma. O delegado não pediu a prisão dele por entender que se tratava de legítima defesa, já que os dois homens tinham invadido a casa para matá-lo.

“Ele era criminoso e vivia na fronteira do crime. Claro que o duplo homicídio pode ter influenciado”, disse o delegado. O inquérito sobre as mortes do bairro Nova Lima foi concluído e está no Poder Judiciário.

Quando foi morto ontem em Ponta Porã, Ezequiel usava documento falso em nome de Victor Hugo Colman. Ele conduzia uma caminhonete Toyota Hilux SW4 prata, com placa de Ponta Porã, quando foi cercado pelos quatro pistoleiros no GM Ônix vermelho com placa do Paraguai. Ezequiel foi morto com vários tiros de fuzil e pistola.

Outros dois homens estavam na Toyota Hilux. Um deles, de camisa vinho e bermuda, saiu do banco do carona após o ataque e desapareceu. Ele ainda não foi identificado. Júlio Gamarra Garcia, 33, também paraguaio, era o terceiro ocupante da caminhonete. Ele foi atingido de raspão por um dos tiros.

O motociclista Mezadeque dos Santos Almeida, 25, passava pelo local na hora do ataque e foi ferido com dois tiros. Ele está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital da Vida em Dourados e seu estado é considerado gravíssimo.

O rapaz, que entregava currículos no comércio de Ponta Porã à procura de emprego, levou um tiro na cabeça e outro na tíbia.

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