Pedófilo colecionava calcinha de criança e diz que precisa de tratamento
Ele foi preso hoje em Caarapó após um mês de investigação; criminoso foi descoberto depois de aliciar menina de dez anos
O homem de 37 anos de idade, preso nesta quinta-feira (16) pela Polícia Federal em Caarapó, a 283 km de Campo Grande, confessou o crime de pedofilia e disse que precisa de tratamento psiquiátrico. Em depoimento na delegacia de Dourados, para onde foi levado, ele admitiu que sente atração física por crianças do sexo feminino.
Na casa onde ele mora com a mãe e a irmã, foram encontradas diversas calcinhas infantis. A PF vai investigar a origem dessas peças, já que não tem criança na casa e o homem nega que tivesse se encontrado com alguma das vítimas aliciadas.
O notebook e o celular dele também foram apreendidos e serão periciados. O homem, que é solteiro e não tem filhos, foi preso durante a operação “Nessun Dorma Adsumus”, que faz referência à atuação da Polícia Federal no combate à pedofilia infanto-juvenil e significa “ninguém durma, estamos aqui”.
Ele foi descoberto após aliciar uma menina de dez anos, que mora em Dourados. Mas não foi a única vítima, já que ele mantinha contato com várias outras crianças e adolescentes com quem conversava e as convenciam a enviar fotos nuas ou de roupas íntimas.
Vai ficar livre – Apesar de réu confesso, o homem, que não teve a identidade revelada, não deve ficar preso. Como o crime por armazenar imagens de pornografia infantil previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê pena de um a quatro anos, a Polícia Federal estipulou fiança de R$ 1 mil e ele será colocado em liberdade assim que o valor for pago.
Os delegados Nivaldo Lopes da Silva, chefe da PF em Dourados, e Denis Colares, que conduz as investigações, afirmaram em entrevista coletiva na tarde de hoje que embora a pedofilia seja disseminada através de redes internacionais de criminosos, esse foi um caso isolado.
Pediu encontro – A investigação durou um mês e o criminoso foi descoberto após a denúncia feita à Polícia Federal pelos pais da menina de dez anos, residente em Dourados. O homem nega ter mantido encontro com as vítimas, mas nas conversas que teve com a criança através do aplicativo Whatsapp ele insistia para um encontro.
“Ele aliciava crianças e adolescentes para pedofilia e começava via Facebook, depois ligava e conversava pelo Whatsapp. A maioria dos amigos dele no Face é criança”, afirmou Colares. O criminoso também enviava fotos dele para as crianças. No computador dele e no celular foram encontradas diversas imagens de crianças nuas.
Acima de qualquer suspeita - Segundo o delegado, o homem não despertava qualquer desconfiança da família e das demais pessoas que o conheciam. A PF afirma não ser possível precisar quantas crianças foram aliciadas. “A perícia no material vai revelar muitos detalhes, mas não sabemos se ele começou a agir até mesmo antes de existir rede social”, disse Denis Colares.
“A pessoa que comete esse crime de dentro de casa acha que está escondida, intocável, mas a Polícia Federal está sempre atenta para combater a pedofilia, o pior crime que existe, e defender as crianças, que são totalmente indefesas”, afirmou o delegado.
Pais precisam ficar atentos – O responsável pelas investigações pediu que os pais fiquem alertas e vigiem de perto as conversas dos filhos menores nas redes sociais.
“Os pais estão terceirizando as crianças para os meios cibernéticos. Muitas vezes a criança pode não estar só brincando no computador ou no celular e o pai precisa estar atento. Infelizmente, hoje não existe limite de idade para criança ter telefone. Tem criança de cinco anos que tem celular com internet”, declarou Denis Colares.
Especialista – O alerta do delegado Denis Colares é embasado pelo advogado americano Ernie Allen, um dos maiores especialistas do mundo no combate a crimes de exploração infantil.
Allen defende que os pais imponham limites ao conteúdo acessado pelos filhos e diz que a internet expõe os menores de idade a imagens de conteúdo adulto, à pornografia e redes de pedofilia.
“Os pais devem ser conscientes de que os riscos existem mesmo sem que os filhos saiam de casa. Ao mandar uma foto de uma criança aos avós, eles devem ter em contam que estão mandado aquela imagem para o mundo. É preciso saber que quando se está online, se está em público”, disse o americano à BBC Brasil, em junho de 2015.