Perícia descarta tiro à queima-roupa em adolescente indígena
Análise confirma versão do pecuarista, que confessou ter matado o menino guarani kaiowá
Perícia descartou que o tiro que matou o adolescente guarani-kaiowá Denilson Barbosa, de 15 anos, no dia 17 deste mês, em Caarapó, tenha sido disparado à queima-roupa. De acordo com a delegada Magali Leite Cordeiro, responsável pela investigação, a constatação pericial confirma a versão de Orlandino Gonçalvez Carneiro, o fazendeiro que confessou o crime.
Conforme a delegada, o laudo pericial aponta que o garoto foi morto com um tiro disparado de uma arma calibre 22 e que não há indícios de ter sido à curta distância. Agora, a Polícia aguarda o resultado da perícia em local de crime para finalizar o inquérito.
O fazendeiro confessou à Polícia Civil, dois dias após o crime, que matou o garoto a tiro. Ele informou à Polícia Civil que estava sozinho na propriedade quando ouviu os latidos dos cachorros, que correram para a área da lagoa. Ao perceber o movimento, Orlandino disse ter disparado dois tiros.
Para a Polícia, o produtor rural contou que quando se aproximou da lagoa percebeu que alguém estava ferido. Então ele pegou o garoto, colocou dentro do carro e diz que tentou levá-lo até Caarapó.
No caminho, ele conta que imaginou que estava sendo seguido por um grupo de indígenas e por isso abandonou o corpo do adolescente na estrada. O fazendeiro está em liberdade, mas a prisão pode ser pedida caso seja constatado que houve intenção de matar. A espingarda usada no crime foi apreendida.
A situação trouxe a Mato Grosso do Sul nesta semana a ministra da Secretaria de Direitos Humanos Maria do Rosário. Ela conversou com parlamentares, com o governador André Puccinelli (PMDB), com indígenas e pediu investigação rigorosa.
Nesta quinta-feira, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) ocupou a tribuna e falou sobre o assunto. Ao Campo Grande News, ele contou que indígenas relataram à ministra que existem situações suspeitas nas aldeias e estão preocupados com isso.