PF busca “coiotes” que faziam travessia ilegal de haitianos
Durante a investigação, que durou alguns meses, foram flagradas a saída de cerca de 150 haitianos por dia
A PF (Polícia Federal) deflagrou, na manhã desta terça-feira (31), a Operação FO M’ALE, para combater crimes de migração ilegal praticados por despachantes de viagens e empresários do ramo, em Corumbá, distante 419 quilômetros de Campo Grande.
Durante a apuração, que durou alguns meses, foram flagradas a saída de cerca de 150 (cento e cinquenta) haitianos a cada dia pela trilha. Segundo a PF, a investigação começou depois de denúncias de que uma pessoa estava agindo como “coiote” e facilitando, por meio de pagamento, a migração ilegal de haitianos pela fronteira Brasil/Bolívia.
O grupo criminoso atuava explorando esquema de travessia de haitianos pelo trecho conhecido como “Trilha do Gaúcho”, na divisa do Brasil com a Bolívia. Nos períodos da manhã e noite, estes despachantes buscavam meios de atravessar os migrantes, entre eles, diversas crianças e mulheres grávidas, sempre exigindo dinheiro para tal fim.
Já dentro da trilha, os estrangeiros eram auxiliados por “carregadores” de nacionalidade boliviana, que tinham a função de mostrar o percurso correto até o território do país vizinho, além de prestar apoio no transporte das malas dos haitianos.
A ação de hoje contou com a participação de policiais federais de município, que cumpriram um mandado de prisão e quatro de busca e apreensão. Os investigados poderão responder pelos crimes de promoção de migração ilegal e organização criminosa. O nome da operação em idioma Creole, falado no Haiti, significa "preciso ir embora” e mostra a vontade dessas pessoas em buscarem novas oportunidades em países como Chile, México e Estados Unidos.
“Sonho americano” – Em julho, o Campo Grande News publicou reportagem sobre a presença constante de haitianos no entorno do Aeroporto Internacional de Campo Grande.
Um deles, Jean Fritzer Gilsait, de 36 anos, revelou que a intenção é chegar aos Estados Unidos, mesmo que seja para “lavar louça”.
Ele revelou que a intenção, à época, era entrar na Bolívia por Corumbá e depois, seguir por Peru, Colômbia e México até chegar em Miami, nos Estados Unidos.