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Interior

Polícia conta com celulares para “refazer passos” de jogador e suspeitos

Perícia em aparelhos apreendidos pode confirmar versões ou desmentir depoimentos

Anahi Zurutuza | 06/07/2023 19:43
Caso é investigado pela Delegacia de Sete Quedas com apoio da Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira) (Foto: Salatiel Assis)
Caso é investigado pela Delegacia de Sete Quedas com apoio da Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira) (Foto: Salatiel Assis)

A perícia nos celulares apreendidos durante a investigação do assassinato do jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, 19, será determinante para desvendar detalhes do caso. Diálogos contidos em aplicativos de troca de mensagens e dados dos GPSs, por exemplo, podem confirmar versões ou desmentir depoimentos dos suspeitos.

Entre os telefones que estão com a Polícia Civil, está o que pertence à ex-namorada do atleta, Rubia Joice de Oliver Luivisetto, 21. Além disso, conforme apurado pelo Campo Grande News, foi pedida a quebra do sigilo telemático do celular de Hugo e a esperança dos investigadores é que os dados de localização possam mostrar os “últimos passos” do jogador antes do assassinato. O celular dele, um Iphone, não foi encontrado.

Danilo Alves Vieira da Silva, 19, é suspeito de matar e esquartejar jogador (Foto: Reprodução das redes sociais)
Danilo Alves Vieira da Silva, 19, é suspeito de matar e esquartejar jogador (Foto: Reprodução das redes sociais)

Entenda – Conforme apurado pela polícia até agora, Danilo Alves Vieira da Silva, 19, estava com a ex-namorada do jogador, Rubia, na madrugada do crime, dia 25 de junho. Ele seria o autor dos disparos que mataram Hugo, que levou pelo menos um tiro na cabeça. Depois, ainda segundo o que foi investigado até o momento, o rapaz teria esquartejado o corpo da vítima, com o uso de uma serra elétrica, e lançado as partes no Rio Iguatemi.

A polícia também já apreendeu quatro veículos, entre carros e um barco e instrumentos que podem ter sido utilizados no crime. Mas, nem todas as partes do cadáver foram localizadas. Em um primeiro momento, encontraram quadril, tronco e coxa. No dia seguinte, parte da cabeça foi encontrada. "Cortaram em partes pequenas para dificultar a localização", informou a delegada Lucélia Constantino, responsável pelo caso, em entrevista no dia 4 de julho.

Rubia está presa desde segunda-feira (3), quando se apresentou, acompanhada de advogados, na Delegacia de Tacuru. Um amigo dela, conhecido como “Maninho”, que teria testemunhado o assassinato, apesar de ter admitido que ajudou a “se livrar” do corpo do atleta, segue como colaborador da investigação, em liberdade. Danilo está foragido.

Hugo Vinícius Skulny Pedrosa foi morto aos 19 anos (Foto: Reprodução das redes sociais)
Hugo Vinícius Skulny Pedrosa foi morto aos 19 anos (Foto: Reprodução das redes sociais)

Dinâmica – Na madrugada do dia 25 de junho, Hugo saiu de uma festa em posto de combustível na cidade de Pindoty Porã, que faz fronteira com Sete Quedas. Na sequência, foi deixado por amigos na casa da ex-namorada e, desde então, não havia sido mais visto. No domingo, 2 de julho, partes do corpo dele foram encontradas no Rio Iguatemi. Uma tatuagem ajudou na identificação da vítima.

Embora a tia do jogador tenha relatado à polícia que, no dia do desaparecimento, Hugo havia contado que estava recebendo várias mensagens da ex-namorada e ela pedia para que ele a encontrasse, mas o atleta dizia que “não queria mais”, no interrogatório, a jovem negou ter conversado com o ex no dia 24 de junho.

Este é um ponto que também pode ser esclarecido com a quebra dos sigilos telemático (dados) e telefônico do celular da investigada.

A situação virou até tema de debate em grupos de WhatsApp da cidade de 10 mil habitantes. “Cadê o celular do Hugo? O que eles fizeram com o celular do Hugo? As provas estão lá”, comentou rapaz, que se identifica como amigo de vítima e diz ter visto também as mensagens enviadas por Rubia ao ex no dia anterior ao crime. “Certeza que deram fim”, responde a interlocutora.

Uma das hipóteses levantadas pela polícia é que Rubia atraiu Hugo até sua casa. Ela nega qualquer envolvimento em plano para matar o jogador, ser mandante do crime e também ter ajudado a “dar fim” ao corpo do rapaz.

Rubia afirma que estava dormindo com Danilo quando Hugo invadiu a casa dela e o quarto, gritando e xingando. Ela tentou empurrá-lo para fora da residência, quando em determinado momento, pelas costas dela, o “ficante” atirou.

A partir daí, Danilo teria feito ameaças de morte a ela e a Maninho, para que todos ficassem quietos. O atirador e o amigo de Rubia colocaram o corpo no carro dela para se livrarem dele. A moça afirma que não sabia o que havia sido feito do cadáver, muito menos do esquartejamento.

A polícia e peritos realizaram na quarta-feira (5) a reconstituição do crime, na casa de Rubia e, ainda, na propriedade rural à beira do Rio Iguatemi que pertence à família de Danilo e seria o local da desova do corpo. Ela, por estratégia da defesa, não participou dos trabalhos. Quem guiou a polícia foi Maninho, que conta versão um pouco diferente da dada pela amiga.

Rubia Joice de Oliver Luivisetto, 21, está presa por suspeita de envolvimento no assassinato (Foto: Reprodução das redes sociais)
Rubia Joice de Oliver Luivisetto, 21, está presa por suspeita de envolvimento no assassinato (Foto: Reprodução das redes sociais)

Defesa - Em nota enviada à imprensa, os advogados Felipe Azuma e Alberi Dehn, que representam Rubia, disseram lamentar "o tratamento que está sendo dispensado por parte das autoridades públicas a uma mulher que não cometeu qualquer crime e teve apenas a infelicidade de estar presente no momento em que a vítima e o Danilo Alves Vieira da Silva iniciaram uma discussão após Hugo ter invadido o imóvel onde ela residia".

"Rubia teve sua casa invadida, foi xingada, tentou evitar a briga, não puxou o gatilho, não ocultou o corpo e é a única pessoa que está presa", também diz o texto. A defesa ressaltou que provará a inocência da cliente. "Rubia não teve qualquer participação na dinâmica do crime".

(*) Com a colaboração de Salatiel Assis, da Nova FM e Fronteira Agora Notícias.

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