Ciumenta e agressiva: traços da ex de jogador morto foram citados em depoimentos
Rubia Joice de Oliver, 21, está presa por suspeita de envolvimento no assassinato do atleta; ela nega
Ciumenta e agressiva. Características do comportamento de Rubia Joice de Oliver Luivisetto, 21, ex-namorada do jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, 19, que foi presa por suspeita de envolvimento no assassinato do atleta, foram citadas por pessoas diferentes em depoimentos dados à Polícia Civil, conforme o auto de prisão em flagrante.
O desaparecimento de Hugo foi registrado no dia 25 de junho, dia da morte, por uma tia dele. Na ocasião, Rozeni Skulny explicou que o sobrinho foi para uma festa em um posto de combustíveis em Pindoty Porã, no Paraguai, que faz fronteira com Sete Quedas - cidade a 471 km de Campo Grande, no sul do Estado –, e não voltou para casa. Disse que ele tinha o costume de passar a noite com Rubia e que o jovem não estava atendendo o celular.
Ainda de acordo com os registros policiais, aos quais o Campo Grande News teve acesso, dias depois, a tia voltou à delegacia, para dizer que a ex-namorada do sobrinho a tinha procurado para contar que a mãe dela e o padrasto haviam registrado boletim de ocorrência contra Hugo, porque o jogador supostamente havia agredido a namorada. A mulher queria acesso ao registro da queixa, mas soube pela polícia que a informação era falsa.
A tia se lembrou que Hugo também havia contado que Rubia propôs que os dois namorassem escondido e que, há cerca de dois meses, a jovem ligou para Rozeni dizendo que o avô dela pegou arma para matar o namorado durante uma briga do casal.
Se recordou ainda que o sobrinho havia terminado com a moça, mas ela não aceitava o fim do relacionamento. Mandava mensagens o tempo todo e ia atrás de Hugo de madrugada quando ele a bloqueava no WhatsApp. Por fim, mencionou que na manhã do dia 24 de julho, dia da festa, o jogador mostrou o celular à tia dizendo que a ex-namorada estava mandando várias mensagens pedindo que os dois se encontrassem, mas o rapaz disse que “não queria mais”. Rozeni contou que Rubia era “muito ciumenta”.
“Bom coração” - O padrasto da ex-namorada de Hugo, Patrick Eduardo dos Nascimento, também foi ouvido em solo policial. Em determinado momento, ele tentava explicar que Rubia não deu detalhes à mãe sobre o que havia acontecido na madrugada do dia 25. “Dizia: ‘nada, me deixa quieta’”, segundo o padrasto, “em tom agressivo”.
Ele ainda ressaltou, conforme depoimento registrado na Delegacia de Sete Quedas, que a “agressividade” é um traço da personalidade de Rubia, mas que a enteada “tem bom coração”.
O homem foi chamado para depor porque teria ajudado a jovem e o “ficante” dela, Danilo Alves Vieira da Silva, 19, suspeito de atirar e depois esquartejar Hugo, a se livrar de provas do assassinato.
Prisão – Rubia está presa desde segunda-feira (3), quando se apresentou acompanhada de advogados na Delegacia de Polícia de Tacuru. Ela foi interrogada em Sete Quedas ontem (4) e passou por audiência de custódia. A decisão do juiz foi relaxar o flagrante, mas validar pedido de prisão temporária, por 30 dias, prazo suficiente para a conclusão das investigações.
A polícia trabalha com a hipótese da ex-namorada estar envolvida em plano para matar o jogador, mas ela nega ser a mandante do crime, ter atraído Hugo até a casa dela e também ter ajudado a “dar fim” ao corpo do rapaz.
Nesta manhã, a Polícia Civil fez reconstituição do crime na residência da jovem, na região central de Sete Quedas. Delegados, investigadores e peritos contaram com a ajuda de um amigo de Rubia, conhecido como “Maninho”, que teria testemunhado a morte e desova do corpo do jogador e, por enquanto, é tratado como informante da polícia.
A pedido da defesa, a jovem não foi levada para guiar reprodução simulada dos fatos de acordo com a versão dela.
Defesa - Em nota enviada à imprensa, os advogados Felipe Azuma e Alberi Dehn, que representam Rubia, disseram lamentar "o tratamento que está sendo dispensado por parte das autoridades públicas a uma mulher que não cometeu qualquer crime e teve apenas a infelicidade de estar presente no momento em que a vítima e o Danilo Alves Vieira da Silva iniciaram uma discussão após Hugo ter invadido o imóvel onde ela residia". "Rubia teve sua casa invadida, foi xingada, tentou evitar a briga, não puxou o gatilho, não ocultou o corpo e é a única pessoa que está presa", também diz o texto.
A defesa ressaltou que provará a inocência da cliente. "Rubia não teve qualquer participação na dinâmica do crime".
O crime – Conforme a investigação, na madrugada do dia 25 de junho, o jogador de futebol saiu da festa em Pindoty Porã e foi deixado por amigos na casa da ex-namorada. Desde então, não havia mais sido visto.
No domingo, 2 de julho, partes do corpo de Hugo começaram a ser encontradas no Rio Iguatemi. Uma tatuagem ajudou na identificação da vítima.
Durante as diligências, a polícia apreendeu quatro veículos, entre carros e um barco, vários celulares e instrumentos que podem ter sido utilizados no crime. Tudo está sendo periciado e partes do corpo da vítima ainda estão sendo procuradas.
Ainda segundo a polícia, o jogador foi morto com três tiros, pelo menos um deles na cabeça, e esquartejado com uma serra elétrica.