Polícia convoca vítimas de homem soropositivo que aliciava garotos
O servidor público municipal Jeferson Porto da Silva, 33 anos, preso ontem em Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande, acusado de aliciar adolescentes para fazer sexo com ele, também mantinha relações com homens adultos e alguns casados.
A informação é da delegada Marina Lemos, responsável pelas investigações iniciadas há dois meses e que culminaram com a prisão preventiva de Jeferson, decretada pelo juiz César de Souza Lima, da 2ª Vara Criminal. A polícia está convocando eventuais vítimas para que reconheçam o homem. A suspeita é que número possa passar de 200 vítimas.
Jeferson mantinha dois perfis no Facebook, um se passando por “Jéssica Alessandra”, que ele usava para atrair os adolescentes, e outro com seu nome verdadeiro, através do qual ele se comunicava com homens adultos. A delegada afirmou ao Campo Grande News que o relacionamento dele com homens adultos não é o principal objetivo da investigação, mas alerta que as pessoas que tiveram contato sexual com Jeferson podem ter se infectado, já que ele é soropositivo para o HIV, vírus da Aids.
Quatro crimes - Indiciado por favorecimento à prostituição, por pedofilia prevista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), por crime de perigo de contágio de moléstia grave e falsificação de documento, já que apresentava um exame falso para atestar que não tinha doença sexualmente transmissível, Jeferson poderá também responder por estupro de vulnerável, caso a polícia descubra alguma vítima menor de 14 anos. “Por enquanto todos os meninos que conseguimos identificar e vieram na delegacia para prestar depoimento são maiores de 14 anos, mas as investigações continuam”, afirmou a delegada. A polícia pede que adolescentes ainda não identificados procurem o 1º Distrito Policial de Dourados para prestar depoimento.
Jeferson está recolhido em uma cela isolada do 1º Distrito Policial, mas deve ser levado para a Phac (Penitenciária de Segurança Máxima Harry Amorin Costa). Ele é servidor público municipal concursado e atualmente trabalha em um setor da Secretaria de Administração. A prefeitura ainda não informou quais providências administrativas serão tomadas em relação ao funcionário.
Sem camisinha – A delegada Marina Lemos afirmou que um fato preocupante revelado no depoimento de Jeferson da Silva é que a maioria dos adolescentes que tinham contato com ele não fazia questão de usar camisinha. “Eles sabem dos riscos, têm informação na escola, mas não usam o preservativo, pensam que nunca vai acontecer com eles. O Jeferson contou que apresentou o exame falso para três ou quatro garotos que pediram”. Segundo a delegada, Jeferson disse que falsificou o exame mais para acabar com boatos que surgiram na cidade sobre sua saúde. O principal objetivo nem seria mostrar aos adolescentes, porque eles não pediam mesmo.
Além de atrair garotos através de perfis falsos, Jeferson também dava dinheiro para aqueles que ele já conhecia, para que levassem os amigos até ele. A polícia apreendeu o computador que o acusado usava em sua casa e recolheu também seu telefone celular, para investigar os contatos do WatsApp.
Jeferson Porto da Silva morava com a mãe em uma casa localizada na Rua W-6, no Jardim Água Boa, bairro mais populoso de Dourados. Ele contou para a polícia que há três anos levava os garotos para sua casa após atrai-los pela internet ou através de outros adolescentes que já eram seus “clientes”. Os encontros aconteciam na lavanderia, nos fundos da casa, geralmente depois das 22h, quando a mãe de Jeferson já estava dormindo.