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Interior

Polícia paraguaia investiga motivo passional para chacina na fronteira

Mulher encontrada na cela de suposto mandante é ex-namorada de Osmar Grance e amiga da filha do governador

Helio de Freitas, de Dourados | 14/10/2021 12:58
Mirna Keldryn, encontrada em cela de luxo de traficante, seria pivô da chacina. (Foto: Reprodução)
Mirna Keldryn, encontrada em cela de luxo de traficante, seria pivô da chacina. (Foto: Reprodução)

Além da guerra entre traficantes, a polícia paraguaia tem outra linha de investigação e suspeita de motivação passional para a execução de quatro pessoas na madrugada de sábado (9), em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.

O pivô seria Mirna Keldryn Romero Lesme, 22. Ela é amante do narcotraficante Faustino Román Aguayo Cabañas, 44, suspeito de ser o mandante da chacina. Osmar Vicente Álvarez Grance, 29, o “Bebeto”, morto na chacina, foi namorado de Mirna.

Além dele, morreram as estudantes de medicina Haylee Carolina Acevedo Yunis, 21, (filha do governador de Amambay Ronald Acevedo), a mato-grossense Rhamye Jamilly Borges de Oliveira, 18, e a douradense Kaline Reinoso de Oliveira, 22.

Na manhã de hoje (14), durante buscas na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, policiais paraguaios encontraram Mirna Keldryn dormindo com Faustino em sua “cela de luxo” com TV, cama box e ar condicionado.

Investigadores da Polícia Nacional suspeitam também que as estudantes mortas na chacina podem não ter sido apenas “efeito colateral”, já que Mirna mantinha laços de amizade com Haylee Carolina, a filha do governador.

A relação do narcotraficante com Mirna Keldryn é marcada por execuções nunca esclarecidas pela polícia.

O marido dela, Carlos Gustavo Rodriguez, um ex-agente da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), foi executado em dezembro do ano passado em Pedro Juan Caballero, dois meses depois de se casar com a jovem paraguaia.

Mirna e Carlos Rodriguez no dia do casamento; ele foi executado dois meses depois. (Foto: Reprodução)
Mirna e Carlos Rodriguez no dia do casamento; ele foi executado dois meses depois. (Foto: Reprodução)

Em agosto deste ano, outro homem que mantinha ligação com Mirna foi morto a tiros na fronteira. Dênis Osvaldo Servin Palácios, 42, foi executado com 30 tiros de fuzil logo após sair de festa com a presença do DJ Guuga. Ele seria irmão de um ex-namorado de Mirna.

Apesar da suspeita de motivação passional, a polícia paraguaia não descarta que a execução de “Bebeto” tenha sido ordenada por Faustino Aguayo por causa de dívida do narcotráfico.

Mirna é filha do advogado Óscar Romero, chefe de Salubridade e Higiene da municipalidade de Pedro Juan Caballero. Braço direito do prefeito reeleito José Carlos Acevedo, Óscar ocupou o cargo de prefeito interino durante a licença de Acevedo para disputar a reeleição.

José Carlos Acevedo é irmão do governador de Amambay Ronald Acevedo e tio de Haylee Carolina.

A suspeita de ligação de Mirna Keldryn com o narcotráfico já existia antes de seu envolvimento com Faustino Román Aguayo Cabañas.

Carlos Gustavo Rodriguez, que se casou com ela em setembro de 2020 e foi executado dois meses depois, havia pedido demissão da Senad após suspeita de envolvimento com a facção brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital).

Mirna Keldryn foi liberada depois de ser flagrada hoje na cela do amante traficante, mas teve o celular apreendido. Após a operação que flagrou a mordomia a Faustino, a Justiça determinou o fechamento do presídio para novos detentos.

Veja o vídeo de Mirna dentro do presídio:


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