Presos usaram cobertores para impedir câmera de flagrar assassinato
Judiclei Queiroz de Souza foi morto por estrangulamento no banho de sol, quando 362 internos estavam na ala A do raio II
Judiclei Queiroz de Souza, 32, o segundo preso morto hoje (10) na Penitenciária Estadual de Dourados, a 233 km de Campo Grande, foi estrangulado por colegas de presídio. Para esconder o momento em que Judiclei era enforcado, os detentos fizeram uma “parede” de cobertores em frente às câmeras de segurança.
Preso em março de 2018 em Ponta Porã e condenado por tráfico de drogas, Judiclei tinha sido transferido da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande para a PED. Ele estava no raio II, onde ficam detentos ligados a facções criminosas.
O assassinato ocorreu por volta de 10h40, no encerramento do banho de sol. Pelo menos 362 presos estavam na ala A do raio II no momento do crime. “Inicialmente não foi possível identificar os autores porque os presos cobriram as câmeras com cobertores”, afirmou o delegado Marcelo Batistela Damaceno, titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil.
De acordo com o boletim de ocorrência, por volta de 10h40 foi acionado pela terceira vez o sino para o retorno dos presos do banho de sol às celas. Nesse momento, um grupo de presos se aglomerou num canto da quadra e em seguida subiu para o primeiro piso da ala A. Cobertores foram esticados para bloquear a visualização das câmeras de monitoramento.
Alguns instantes depois os cobertores foram retirados e Judiclei apareceu pendurado por uma corda, do lado de fora da cela 18. O perito constatou que o preso morreu estrangulado.
Judiclei tinha sido preso pela em Nova Andradina, em fevereiro de 2018, com quase três quilos de pasta-base de cocaína, mas na audiência de custódia foi colocado em liberdade. Um mês depois, foi preso pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-463 com um tablete de cocaína.
Outra morte – A polícia investiga também a morte de Rodrigo de Souza Barbosa Pinto, 35, na sala 11 do setor disciplinar da PED. O corpo foi encontrado por volta de 7h de hoje pelos agentes penitenciários que foram levar o café da manhã.
Joilson Vilharva, colega de cela de Rodrigo, afirmou que o companheiro de cárcere era hipertenso e teria morrido durante a madrugada. A Polícia Civil registrou o caso como “morte a esclarecer”. Não havia sinal aparente de violência, mas a polícia aguarda o laudo do legista para saber a causa da morte.
Rodrigo cumpria pena por feminicídio ocorrido em 2012 em Amambai e também por tentativa de homicídio. Ele foi condenado por matar a esposa com um tiro no peito e de atirar no padrasto dela.