Professores driblam liminar e alunos ficam a semana inteira sem aula
Sindicato afirma que não houve mudança na greve parcial iniciada no dia 21 de agosto, mas escolas informam que greve é geral e não existe previsão para retorno das aulas
Mesmo sem uma decisão oficial nas assembleias do sindicato, professores e servidores administrativos estão em greve geral nas escolas de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande. Levantamento feito pelo Campo Grande News nesta quarta-feira mostra que pelo menos boa parte das escolas está totalmente sem aula desde ontem e por causa do feriado de amanhã ficarão fechadas até sexta-feira (8).
A medida contraria liminar do desembargador Carlos Eduardo Contar, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que mandou o Simted (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) manter 66% dos servidores trabalhando.
Na semana passada, após a prefeitura reclamar que a liminar vinha sendo descumprida, Contar multou o sindicato em R$ 50 mil por dia de greve. A assessoria jurídica do Simted recorreu para tentar derrubar a multa.
A presidente do Simted, Gleice Jane Barbosa, disse que as próprias escolas decidiram fazer reuniões com os pais para esclarecer sobre os motivos da greve e paralisar totalmente as aulas.
Paradas – Entre as escolas totalmente sem aula estão a Joaquim Murtinho no centro, a Loide Bonfim Andrade no Jardim Água Boa, a Januário Pereira de Araújo no Jardim Itália, a Rosa Câmara na Cabeceira Alegre, a Bernardina Corrêa de Almeida no Jardim Maringá e a Aurora Pedroso, no Parque Alvorada.
“Todos os professores e administrativos estão em greve por tempo indeterminado. As aulas estão suspensas e não tem previsão de retorno”, afirmou uma atendente da Escola Januário. “Greve geral, os alunos estão todos em casa”, disse uma servidora da Escola Rosa Câmara. “Nesta semana não tem aula. Ligue na segunda, talvez tenha novidade”, disse uma funcionária da Escola Aurora.
Na Escola Joaquim Murtinho, na área central de Dourados, a direção distribuiu comunicado aos pais informando que haveria greve geral a partir de terça-feira (5). “Tal decisão se deve ao fato de que a administração atual está retirando direitos conquistados com muita luta ao longo de muitos anos”, afirma o comunicado.
Na noite de ontem, a escola emitiu outro comunicado, chamando os pais para um ato às 16h de hoje para um “trabalho de conscientização das reais reivindicações dos profissionais da educação de Dourados”.
Os educadores cobram cumprimento da Lei do Piso Municipal para o Magistério – o reajuste de 7,64% não foi feito neste ano pela prefeitura – e reposição do grupo administrativo, que está com salário congelado há três anos. Também denunciam redução de salários e cortes de direitos.
A prefeita Délia Razuk (PR) afirma que o município não tem dinheiro para dar o reajuste neste ano e que a prioridade é pagar os salários em dia.