Reforço para frear covid-19 no Sudoeste inclui máscaras gratuitas e até cadeia
Sejusp prometeu intensificar fiscalização dos decretos vigentes e melhorar atuação das barreiras sanitárias
As medidas “mais duras” alarmadas ontem (25) pelo titular da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Geraldo Resende, a fim de frear o crescimento desenfreado de casos de novo coronavírus na região sudoeste de Mato Grosso do Sul passam pela distribuição gratuita de máscaras, mas também pelo reforço nas ações de fiscalização aos decretos restritivos vigentes.
A SES anunciou que vai doar 34,7 mil máscaras de tecido para Guia Lopes da Laguna e Jardim. O plano é equipar toda a população dos dois municípios vizinhos, separados só pelo Rio Miranda, com o item de proteção. A pasta não detalhou como ou quando será feita a distribuição.
A barreira sanitária de Guia Lopes será melhor reforçada, publicou a SES. Na última sexta-feira (22), uma família infectada deixou a cidade, ilesa pelo bloqueio, rumo a um velório em Porto Murtinho, a 200 quilômetros dali. Três dias depois, Murtinho confirmava seus dois primeiros casos de covid-19.
Segundo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), 4.554 mil abordagens a pessoas já foram realizadas pela barreira lagunense.
O titular da Sejusp, Antônio Carlos Videira, garantiu a aplicação das medidas previstas em portaria interministerial de março, assinada pelos agora ex-ministros Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta, que preveem enquadrar quem descumprir determinações de isolamento e realização compulsória de exames médicos, testes laboratoriais e tratamentos específicos nos crimes de desobediência e infração de medida sanitária preventiva, com penas que vão de multa à cadeia.
Para o prefeito de Guia Lopes da Laguna, Jair Scapini (PSDB), o endurecimento carece de maior efetivo policial no município. “Polícia Militar nós temos, mas não são muitos. Estão ajudando”, resume.
Guia Lopes, com 183 casos confirmados, só perde para Campo Grande (245) em números gerais, mas não perde para ninguém no Estado em incidência da doença, com 1.849,4 ocorrências para cada 100 mil pessoas. A segunda colocada é Douradina, com taxa de 337,6/100 mil.
A cidade recordista em incidência de covid-19 em Mato Grosso do Sul está sob decreto municipal que permite sair de casa apenas duas vezes por semana, escalonado por mês de aniversário, e apenas para atividades de necessidade primária, como idas ao mercado ou farmácia.
Os casos de novo coronavírus no município escalaram após o vírus se espalhar por funcionários do frigorífico Brasil Global, que retomou suas atividades na última semana após 15 dias de suspensão.
Jardim - Com 28 casos confirmados, dos quais três internados em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, a cidade vizinha à Guia Lopes descarta medida semelhante ao chamado lockdown.
“Só escrever e não dar conta de cumprir, não resolve”, relata o prefeito Guilherme Monteiro (PSDB). “[O lockdown] mata o comércio. As pessoas precisam trabalhar. Sou contra o lockdown. Aqui não vamos ter, a não ser que o governador decrete. Se depender de mim, não”, continua.
Monteiro aposta na informação para sensibilizar os jardinenses a se isolar e evitar aglomerações. Porém, o gestor reconhece a resistência da população, principalmente entre os mais velhos. Segundo ele, três casos já foram confirmados no assentamento Recanto do Rio Miranda, onde vivem aproximadamente 80 famílias.
Bonito - No município famoso pelo potencial turístico, as atividades de hotéis e atrativos devem retornar só em julho, conforme plano de biossegurança apresentado pelo setor à prefeitura.
Com 30 casos confirmados, Bonito decretou uso obrigatório de máscaras e decretou toque de recolher às 20h, bem como proibiu aglomerações em locais públicos.
A reportagem não conseguiu contato com o prefeito bonitense, Odilson Soares (PSDB).