Reinaldo quer manter Exército em área de conflito entre índios e fazendeiros
Governador disse que suspensão de despejo voltou a criar instabilidade e ainda hoje vai pedir para Dilma manter operação
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) quer a permanência do Exército na região de Antonio João, a 279 km de Campo Grande, na fronteira do Brasil com o Paraguai, onde índios e produtores rurais estão em conflito pela posse de terras.
Ele disse que ainda nesta quarta-feira (28) encaminha o pedido à presidente Dilma Rousseff para prorrogação da “Operação Dourados”, iniciada no dia 1º de setembro, após o confronto que terminou com a morte do guarani-kaiowá Semião Fernandes Vilhalva, 24.
Segundo o governador, a permanência dos militares na região ajuda a garantir a lei e a ordem. “Em função da reintegração de posse afastada, voltou a criar uma instabilidade no local. Então nesse momento é melhor manter o Exército lá para evitar um problema maior”, afirmou Reinaldo.
Os 550 índios que ocupam três das sete fazendas que formam o território Ñanderu Marangatu, de 9.300 hectares, deveriam ter sido despejados há uma semana pela Polícia Federal, mas na madrugada de 21 de outubro a vice-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Carmen Lúcia, suspendeu a reintegração de posse.
A operação deveria ter sido encerrada no dia 30 de setembro, mas foi prorrogada pelo Ministério da Defesa até o dia 30 deste mês. Os militares das Forças Armadas têm poder de efetuar prisões em flagrante, patrulhamentos e vistorias “com a missão de preservar a ordem pública diante à situação de conflito entre indígenas e proprietários rurais da região”.
Além de estradas que cortam a região, os homens do Exército estão no interior das áreas ocupadas. Uma equipe, usando dois veículos de combate equipados com arma de longo alcance, permanecem na porteira da sede da Fazenda Fronteira, uma das propriedades ocupadas e onde mora o dono da terra, o ex-prefeito de Antonio João, Dácio Queiroz Silva.
Em quatro municípios – As medidas de garantia da lei e da ordem, que devem continuar, na opinião do governador, abrangem os municípios de Antônio João, Aral Moreira, Bela Vista e Ponta Porã.
O Exército mantém cerca de 800 homens naquela região desde 1º de setembro, três dias após Semião Fernandes Vilhalva ser assassinado com um tiro na cabeça durante confronto com produtores rurais que tentavam retirar à força os índios das fazendas ocupadas uma semana antes. Semião tombou a menos de 500 metros da sede da Fazenda Fronteira, atualmente sitiada pelo Exército.