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Interior

Resgatado de fazenda no Pantanal, idoso vivia há 20 anos como escravo

Renata Volpe Haddad | 09/02/2017 12:36
Local onde idoso morava, na fazenda. (Foto: Divulgação)
Local onde idoso morava, na fazenda. (Foto: Divulgação)

Um idoso de 70 anos que não teve o nome divulgado, foi um dos resgatados de uma fazenda na região do Paiaguás, no Pantanal corumbaense, distante 419 km de Campo Grande. Ele trabalhava há mais de 20 anos no local em condição análoga a escravidão.

Segundo informações do site Capital do Pantanal, foi divulgado nesta manhã (9) em coletiva, que o idoso não tinha documentos, dormia em cômodo sem qualquer condição de higiene, bebia água retirada de um coricho, com aparência de óleo diesel e fazia suas necessidades fisiológicas no mato.

Em época de cheia do rio Paraguai, a situação de sobrevivência piorava, os trabalhadores ficam muitas vezes ao relento, sem mesmo ter um lugar apropriado para dormir.

Outros dois rapazes mais jovens e um com idade de 55 anos, que eram submetidos as mesmas condições, também foram resgatados. Os trabalhadores não possuem registro em carteira nem recebem salário.

Mesmo nestas condições desumanas, um jovem de 26 anos, defendeu sua situação e afirmou que não é explorado. Ele não quis ser resgatado, dizendo que onde estava era sua única chance de trabalho. Ele permaneceu na fazenda junto com sua esposa grávida de oito meses e um filho pequeno.

Denúncia - A investigação iniciou a partir da informação recebida por delegado de que uma pessoa de origem indígena, trabalhava de modo informal por mais de 20 anos na fazenda Bahia do Cambará.

Coletiva foi realizada nesta manhã (9) em Corumbá. (Foto: Sylma Lima/ Capital do Pantanal)
Coletiva foi realizada nesta manhã (9) em Corumbá. (Foto: Sylma Lima/ Capital do Pantanal)

O proprietário da fazenda, Gregório da Costa Soares, não foi encontrado, mas irá comparecer ou enviar representante até a Delegacia Federal de Corumbá, para prestar esclarecimentos e negociar o acerto dos resgatados.

Segundo levantamento realizado pelo Ministério Público do Trabalho, representado na coletiva por Paulo Douglas Almeida de Moraes, o trabalho escravo é uma realidade no Brasil. "Nosso senso de humanidade fica extremamente abalado quando recebemos a notícia de que pessoas eram mantidas em condições desumanas há 20 anos. Precisamos de políticas públicas que sigam além do resgate, pois é comum eles serem encontrados nas mesmas condições novamente”, declarou em coletiva realizada nesta manhã.

Operação - A Operação Shemot, teve a participação das instituições da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego (SRT/MS), Polícia Militar Ambiental e Polícia Civil foi na região do Pantanal de Corumbá.

Conforme informações da PRF, equipes de solo ainda retornam para Corumbá, com muita dificuldade em razão do local onde os trabalhadores foram encontrados.

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