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Interior

Secretário de Bolsonaro promete mais segurança e audiência sobre conflito

Luiz Antônio Nabhan Garcia e presidente em exercício da Funai, Alcir Teixeira Gomes, estiveram na cidade

Marta Ferreira | 06/01/2020 18:45
Secretário Luiz Nabhan Garcia quer que polícia identifique lideranças de conflito em Dourados(Foto: Hedio Fazan/Dourados News)
Secretário Luiz Nabhan Garcia quer que polícia identifique lideranças de conflito em Dourados(Foto: Hedio Fazan/Dourados News)

Depois de passar o dia em Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande, palco do mais recente conflito envolvendo a disputa por terras entre índios e fazendeiros em Mato Grosso do Sul, o secretário Especial Assuntos Fundiários do governo Jair Bolsonaro, Luiz Antônio Nabhan Garcia, voltou a Brasília nesta segunda-feira (6) com dois encaminhamentos principais assegurados aos produtores rurais, a quem ouviu em duas oportunidades. Comprometeu-se a trabalhar pela realização de audiência pública pelo Congresso Nacional na cidade sobre o impasse e, também, pelo reforço do policiamento na região.

O secretário especial, segundo apurado pela reportagem, não conversou com lideranças indígenas. A tarefa coube ao presidente em exercício da Funai (Fundação Nacional do Índio), o delegado da Polícia Federal Alcir Teixeira. A reportagem não conseguiu falar com lideranças, nem com o MPF (Ministério Público Federal), oficialmente responsável pela defesa dos índios, que ainda está em período de recesso.

Representante do governo do Estado na oportunidade, o secretário-adjunto de Justiça e Segurança Pública, o coronel da Polícia Militar Ary Carlos Barbosa,  considerou a vinda dos representantes do governo federal positiva e indicador de necessidade de "trabalho conjunto" para equacionar os problemas no local. 

Mais segurança -  Uma das sugestões apresentadas, como citou o presidente do Sindicato Rural De Dourados, Lúcio Damália, é o envio da Força Nacional de Segurança a Dourados. Para isso, existe um trâmite, lembrou, que é a solicitação pelo governo de Mato Grosso do Sul. O secretário-adjunto de Segurança informou que o assunto será levado ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a quem cabe decidir. 

Além de reunir-se com produtores rurais, e ouvir desabafos sobre as invasões de terras pleiteadas pelos índios, Nabhan Garcia sobrevoou a área de conflito, localizada entre o anel viário e a Avenida Guaicurus, região Oeste de Dourados. Ele conversou com sitiantes pela manhã e, depois de sobrevoar a região, à tarde, voltou ao Sindicato e conversou com mais produtores.

Policiais do DOF na área onde ocorreu o confronto, nas última sexta-feira. (Foto: Sidnei Bronka)
Policiais do DOF na área onde ocorreu o confronto, nas última sexta-feira. (Foto: Sidnei Bronka)

Índios de várias partes de Mato Grosso do Sul estão acampados nos arredores dos sítios desde outubro de 2018. Eles reivindicam a inclusão das terras na reserva de Dourados, criada em 1917, e que é vizinha às propriedades.

Nas palavras do presidente do Sindicato Rural douradense, o representante do governo federal ficou “abismado” com a situação vista do helicóptero usado para o sobrevoo. “Ele viu muitas cabanas sendo montadas”, exemplificou.

A situação é tensa na região há bastante tempo, mas atingiu um ponto máximo de violência na sexta-feira (3). No dia, índios guarani-kaiowa teriam feito nova tentativa de invasão e houve confronto com seguranças particulares contratados pelos sitiantes, cujos títulos das terras foram recebidos do governo federal há decadas. Policiais militares e equipes do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) foram para o local após a troca de tiros.

Manipulação – Logo após a reunião com sitiantes pela manhã, o secretário de Assuntos Fundiários deu entrevista e repetiu o discurso comum na atual administração federal, contrário às invasões de terra para reindindicar demarcação como áreas indígenas. “Essas invasões constantes, esse desrespeito ao estado democrático de direito levam a um situação que não colabora em nada”, declarou. Nabhan disse que é preciso investigar o que há por trás das invasões. Para ele, há gente insuflando os indígenas.

“Sabemos infelizmente, que muitos índios estão sendo liderados por pessoas que buscam essa situação de conflito”, afirmou. “O papel principal das forças de segurança púlica é no sentido de investigar, identificar quem são essas pessoas e que estão liderando e expondo vidas a uma situação de conflito desnecessária”, complementou.

O Campo Grande News buscou junto à Polícia Federal para saber como está o andamento do assunto. A informação dada é de que a Polícia Civil está responsável por investigar o conflito e a PF está dando “apoio” na situação.

No local, conforme apurado, estão equipes da Polícia Militar na região sul. A explicação é o fato de não se tratarem no papel de terras homologadas como indígenas, essas sim com atribuição específica da Polícia Federal para investigações sobre conflitos. Como são áreas particulares, o caso fica com a força estadual de segurança.

(Colaboraram: André Bento e Adriano Moretto, do Dourados News)

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