Segurança Pública recebeu “pedido de socorro” dos índios para agir em invasão
Documento solicitava forças policiais para resguardas vidas em área de crescente tensão
A Segurança Pública de Mato Grosso do Sul recebeu “pedido de socorro” para agir na área de invasão em Amambai, a 351 km de Campo Grande, dias antes do conflito de sexta-feira (dia 24) entre policiais e índios. Na ocasião, um indígena morreu e onze pessoas ficaram feridas.
De acordo com documentos exclusivos obtidos pelo Campo Grande News, a Associação de Segurança Comunitário Indígena da Aldeia Amambai encaminhou ofícios nos dias 19 e 23 de junho para Segurança Pública, Funai (Fundação Nacional do Índio) e MPF (Ministério Público Federal).
O relato é de brigas entre os indígenas, presença de menores de idades alcoolizados e que muitos se aproveitam do clima de tensão para o uso de armas.
“Portanto, solicitamos apoio e que sejam tomadas as providências urgentemente com o objetivo de resguardas as vida dos indígenas e declaramos ainda que não compactuamos com esse tipo de violência dentro desta aldeia”, informa o ofício da associação.
Ainda na sexta-feira (dia 24), secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, negou que o Batalhão de Choque da Polícia Militar tenha ido a Amambai para atender ocorrência de invasão em fazenda. Um dia antes, na quinta-feira, foi registrado Boletim de Ocorrência comunicando a invasão de indígenas na fazenda Borda da Mata.
Numa entrevista coletiva, o secretário disse que a Polícia Militar foi acionada por proprietários rurais devido a tráfico de drogas e furtos em uma área que fica perto da aldeia. Segundo Videira, o Choque foi surpreendido por indígenas e revidou.
“Não é uma reintegração de posse. Tem muitas pessoas do tráfico em Amambai, por isso reforçamos a segurança levando o Choque, que é especializado. Porém, quando chegaram, foram recebidos a tiros. Nunca tivemos problemas em Amambai. Era uma aldeia pacífica. Isso se iniciou há pouco tempo, após a eleição acirrada pela liderança", afirmou o secretário.
O titular da Sejusp declarou que "dentro da aldeia, o cacique já tinha reclamado que havia pessoas que não eram dali e que estavam utilizando armas espalhando a violência ali dentro. Havia indígena contra indígena”.
O índio Vito Fernandes, 42 anos, morreu no conflito. A ação foi na Fazenda Borda da Mata. O local é chamado pelos guaranis de terra indígena “Guapo’y Mirim Tujury”.