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Interior

Polícia apreendeu 4 armas em área de conflito com indígenas, diz secretário

Antônio Carlos Videira diz que não há confirmação de que indígenas foram presos

Adriel Mattos e Anahi Zurutuza | 26/06/2022 17:18
Armas apreendidas com indígenas, segundo o secretário de segurança e o Batalhão de Choque (Foto: Divulgação)
Armas apreendidas com indígenas, segundo o secretário de segurança e o Batalhão de Choque (Foto: Divulgação)

Quatro armas foram apreendidas durante a investigação sobre o conflito entre indígenas guarani-kaiowá e policiais militares do BPChoque (Batalhão de Choque) na Fazenda Borda da Mata, em Amambai, no sul de Mato Grosso do Sul. Neste domingo (26), dois dias após o confronto, o clima é considerado tranquilo na região.

“Estamos reforçando o efetivo, que não tem prazo para sair. A polícia, uma vez demandada, atenderá desde produtores até os indígenas”, garantiu ao Campo Grande News o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira.

O helicóptero da Polícia Militar e os equipamentos de proteção dos policiais que participaram da ação estão passando por perícia, cujo resultado deve sair em 30 dias. Três militares feridos no confronto já se recuperam em casa.

“Estamos conduzindo um inquérito, ouvindo denúncias de lideranças sobre uma milícia indígena que vem atacando produtores e os próprios indígenas. Temos imagens de policiais feridos sendo transferidos [vídeo acima]. Essas são verdadeiras e eles já foram liberados. As demais não procedem”, afirmou Videira, sobre vídeos que circulam mostrando as ações do Choque, o helicóptero da secretaria sobrevoando a área e pessoas feridas.

Prisões e feridos - Apesar de desencontradas, as informações vindas dos indígenas de Amambai dão conta que pelo menos quatro pessoas foram presas após o confronto. Ontem (25), o diretor do Hospital Regional de Amambai, Paulo Sérgio Catto, informou à reportagem que três indígenas feridos tiveram alta médica e tinham sido levados para a delegacia da cidade. Já o secretário, diz que "não há confirmação" de que houve prisões.

Vídeo compartilhado em páginas do movimento indígena na internet mostra momento em que homem é detido, está deitado no chão e ouve-se o barulho de três disparos. Não dá para entende exatamente o que acontece ali. Veja abaixo:

Depois, em outra gravação, o mesmo guarani-kaiowá (usa as mesmas roupas) aparece com marcas nas costas que parecem ser resultado de tiros de borracha. Segundo lideranças, trata-se de Roberto, um dos presos após a ação policial. Veja:

Neste domingo, o Batalhão de Choque compartilhou fotos do homem, de frente e de costas, sem informar o nome dele, mas para mostrar que ele está bem e negar que houve "execução" durante o conflito, como tem sido propagado. "Não procede, pois esse índio não foi baleado", diz o texto que acompanha as imagens.

O indígena, de camiseta vermelha e calça xadrez, está em em pé e aparentemente não tem ferimentos (não há sangue nas roupas), mas nas fotos enviadas pelo Choque é possível ver na camiseta que coincidem com a marcas mostradas na gravação difundidas pela comunidade guarani.

Guarani-kaiowá que usa camiseta vermelha e calça xadrez e aparece ferido no vídeo anterior (Foto: Batalhão de Choque/Divulgação)
Guarani-kaiowá que usa camiseta vermelha e calça xadrez e aparece ferido no vídeo anterior (Foto: Batalhão de Choque/Divulgação)

O Campo Grande News tentou o dia todo contato com a Delegacia de Polícia de Amambai para confirmar as prisões e saber detalhes da investigação pós-conflito, mas ninguém atendeu aos telefones. Na única vez que a reportagem conseguiu falar com a Polícia Civil, ainda pela manhã, um servidor informou que o delegado Caio Macedo estava em reunião com um defensor público e atenderia mais tarde.

O confronto - Dois conflitos entre indígenas e policiais militares foram registrados em Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira e aconteceram um dia depois do protesto nacional contra o marco temporal. Em Mato Grosso do Sul, os guarani-kaiowá ocuparam duas áreas nas cidades de Naviraí e Amambai, distantes 359 km e 351 km de Campo Grande, respectivamente.

Em Amambai, o conflito foi na fazenda Borda da Mata, chamada pelos guarani de "Território de Guapoy". Neste acaso, equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar foram até o local e até o momento, foram registrados 10 feridos, sete deles indígenas, a maioria adolescentes, e oficialmente confirmada uma morte - de Vito Fernandes, de 42 anos.

Nota da Aty Guasu - grupo que representa a comunidade indígena -, enviada na manhã de sábado (25), confirme duas mortes - de Vito e de Paulino, um adolescente de 13 anos que aparece em fotos difundidas pela internet com as vísceras expostas. Lideranças que estão na região explicaram ao Campo Grande News que o corpo do garoto ainda estaria na área de conflito. Por isso, não há confirmação oficial da morte até agora.

A gerente da fazenda, Angélica Cristina Silveira Peixer, de 47 anos, alegou que os indígenas invadiram a área e, com a chegada do Batalhão de Choque, chegaram a deixar a fazenda. No entanto, após a saída dos policiais, ainda na quinta-feira (23), quatro indígenas entraram armados na propriedade, fizeram disparos de arma de fogo, ameaças e retomaram novamente o espaço.

Ainda conforme a gerente, no momento em que ela registrou o boletim de ocorrência, no dia 23, o imóvel rural estava ocupado por cerca de 30 indígenas, que, segundo ela, vandalizaram o local e causaram dano no interior da fazenda.

Em entrevista coletiva na sexta-feira (24), o secretário Antônio Carlos Videira disse que havia informação de que o gerente da propriedade rural havia sido expulso de casa, sob violência e que estavam ocorrendo roubos na área. Por isso, o Batalhão de Choque foi enviado. “Não foi reintegração de posse”, disse o secretário.

Cimi (Conselho Indigenista Missionário) contesta a informação, alegando que o Estado usurpou a competência da PF (Polícia Federal), sabendo se tratar de ocupação envolvendo indígenas.

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