Vídeo mostra chegada do Choque a área de conflito com morte e feridos
Entidade afirma que indígena que aparece no vídeo foi morto pelos policiais
Vídeo compartilhado no Instagram, mostra o momento em que policiais militares do Batalhão do Choque chegam à fazenda Borda da Mata, em Amambai, que é palco de um conflito que já deixou pelo menos 10 feridos e um morto, nesta sexta-feira (24).
No registro, indígenas aparecem indo de encontro a uma viatura da PM. De acordo com o grupo da organização da Juventude Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul, o Aty Jovens GK, um deles morreu confronto. "No momento que policial matou nosso irmão nosso território. Tekoha Guapo’y mirim", diz a legenda do vídeo, que foi postado na página do grupo.
Ouve-se o som de um primeiro disparo. Um rapaz vai ao chão, mas não é possível distinguir se ele estava ferido ou obedecendo a ordem do policial. Outros dois militares se aproximam e mais três tiros são disparados. "Deita, deita, deita", diz um dos policiais enquanto o rapaz se mexe e outros indígenas vão de encontro ao batalhão. Um deles porta um arco e flecha. Enquanto isso, atrás da viatura, é possível ver fileira com dezenas de policiais do Batalhão do Choque chegando a pé ao local.
Cerca de 100 militares estão na fazenda, segundo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). A secretaria alega que o helicóptero empregado na operação foi alvejado a tiros por criminosos armados. Já grupos que representam os indígenas afirmam que foi a polícia quem chegou atirando, sobrevoando a região.
Os indígenas alegam que a fazenda Borda da Mata é terra Tekoha Gwapo’y Mi Tujury, de ocupação tradicional indígena. Já os fazendeiros afirmam que o local é uma propriedade privada.
Em coletiva nesta tarde, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, informou que a Polícia Militar foi acionada, na noite desta quinta-feira (23), para atender ocorrência de "crime contra o patrimônio e crime contra a vida" na Fazenda Borda da Mata, propriedade próxima da aldeia.
O secretário negou que se tratasse de uma reintegração e também disse que haviam sido registradas reclamações das próprias lideranças da aldeia de Amambai, sobre indígenas que trabalham em roças de maconha no Paraguai e que teriam ido para a aldeia tentar destituir a atual liderança.
No local, contudo, os policiais teriam sido recebidos a tiros. Na ação, três militares foram feridos nas pernas e braços, mas não correm risco de morte. As organizações que representam os indígenas já apontam duas mortes no confronto. Entrando, oficialmente, apenas um jovem morreu.