Dois conflitos em MS acontecem um dia depois de protesto contra marco temporal
Indígenas entraram em duas fazendas nesta quinta-feira (23) e conflitos foram na manhã desta sexta-feira
Os dois conflitos entre indígenas e policiais militares registrados em Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira (24), acontecem um dia depois do protesto nacional contra o marco temporal. Em Mato Grosso do Sul, Guarani e Kaiowá ocuparam duas áreas nas cidades de Naviraí e Amambai, distantes 359 km e 351 km de Campo Grande, respectivamente.
As entradas nas áreas aconteceram na quinta-feira (23), mesmo dia em que milhares de indígenas protestaram pelo Brasil contra a limitação da demarcação das terras que poderiam ser reivindicadas pelas etnias. Caso a tese seja aprovada, ambas os territórios em Mato Grosso do Sul ficariam de fora da demarcação.
Na Capital, ao menos 30 indígenas se reuniram na Praça do Rádio e seguiram para a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio), onde fizeram uma marcha pelo movimento nacional “Luta pela Vida”. Além do marco temporal, o grupo também pediu a saída imediata do presidente da fundação, Marcelo Augusto Xavier da Silva.
Em Naviraí, os conflitos começaram na madrugada de hoje, na Fazenda Tejui, enominado Kurupi/São Lucas, e ao menos três indígenas, sendo mulheres e crianças, estariam desaparecidos. Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário, as agressões teriam começado por parte dos fazendeiros e seguranças, todos armados.
Já em Amambai, o conflito foi no final da manhã na fazenda Borda da Mata, chamada pelos guarani de "Território de Guapoy". Neste acaso, equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar foram até o local e até o momento foram registrados 9 feridos, seis deles indígenas e a maioria adolescentes.
Marco temporal – Dia 2 de junho, o ministro e presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, decidiu retirar da pauta a continuidade do julgamento sobre a aplicação da tese do marco temporal na demarcação de terras indígenas no país, que estava marcada para ser retomada nesta quinta e agora não há nova data prevista.
A tese começou a ser julgada no ano passado e até agora dois ministros – Luiz Edson Fachin e Nunes Marques – votaram contra a aplicação do marco temporal, no entanto no dia 15 de setembro de 2021, a análise do tema foi interrompida por um pedido de vista apresentado pelo ministro Alexandre de Moraes.