Só 1km separa seguranças de índios e entidades temem novo confronto
Na última sexta-feira, cinco ficaram feridos em tensão com troca de tiros e granada
Apenas 1 km de distância separam indígenas dos seguranças de sitiantes na área palco de confronto que deixou cinco feridos, na última sexta-feira, próximo 235 quilômetros de Campo Grande. A constatação foi feita nesta quinta-feira, por representantes de mais de 30 órgãos públicos e movimentos sociais, em visita para produção de relatório sobre o confronto. A comissão também vai participar de reunião com o MPF (Ministério Público Federal).
A situação de proximidade entre os grupos revela um verdadeiro barril de pólvora, mesmo depois dos ânimos abafados pela polícia. Conforme as entidades, os guarani-kaiowá relatam provocações envolvendo tiros e queima de barracos. Os relatos colhidos serão levados ao MPF para contribuir com ações que visem diminuir os casos de violência.
Fazem parte da comissão instituições como o DPU (Defensoria Pública da União), UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana, Cepi (Conselho Estadual de Pessoas Indígena), Cimi (Conselho Indigenista Missionário), MST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra), Coletivo Terra vermelha, CPT (Comissão Pastoral da Terra), Juízes Pela Democracia, PT, CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Tiroteio - No final da semana passada, o confronto resultou em troca de tiros ferindo os indígenas Modesto Fernandes, 47, e Paulo Gonçalves Rolim, atingidos no rosto e peito, e Gabriel Vasque, ferido na perna, além do segurança Wagner André Carvalho, 31, atingido no tórax. Na ocasião, a própria polícia foi recebida a tiros.
Também é investigado caso de menino de 12 anos que perdeu dedos da mão esquerda ao manipular uma granada usada pela polícia e encontrada em local de conflito.
Desde ontem, a Polícia Federal analisa vídeos do confronto e ouve envolvidos no caso. Mesmo com investigações preliminares, o MPF afirmou que os dois lados envolvidos devem ser penalizados pela situação. O governo do Estado não descarta a possibilidade de acionar mais efetivos da Força Nacional, já que um atua em Caarapó desde 2016.
Intolerância religiosa – A comissão formada por órgãos públicos e movimentos sociais também visitou a terra indígena Laranjeira Nhanderu, localizado no município de Rio Brilhante, distante 150 quilômetros da Capital.
Na madrugada do dia 1º de janeiro, uma Casa de Reza dos guarani-kaiowá, foi incendiada sendo parcialmente destruída. Homens não identificados atacaram os indígenas a tiros e invadiram algumas casas esvaziadas pela fuga de seus moradores.