Sócio do traficante “Cabeça Branca” vira réu por uso de documento falso
Juíza de São Gabriel do Oeste aceitou denúncia contra Charles Miller Viola, preso dia 16
A Justiça de Mato Grosso do Sul aceitou denúncia do Ministério Público por crime de uso de documento falso contra Charles Miller Viola, 46, apontado como sócio e operador dos negócios do narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, o “Cabeça Branca”.
Usando identidade falsa em nome de Carlos Roberto da Silva, Charles Viola foi preso por policiais do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) na noite de 16 de agosto, quando voltava de Sinop (MT) para Ponta Porã. A operação para prendê-lo recebeu o nome de “chacal”.
A prisão ocorreu na BR-163, entre os municípios de São Gabriel do Oeste e Bandeirantes, depois de a polícia receber denúncia anônima de que Carlos Roberto era na verdade Charles Miller Viola, procurado pela Justiça de Goiás, onde foi condenado a 12 anos e seis meses de prisão por homicídio qualificado.
Na denúncia por uso de documento falso (artigo 304 do Código Penal), o promotor Daniel Higa de Oliveira cita que Charles Miller Viola usava identidade falsa há duas décadas, período em que foi preso e condenado pela Justiça Federal por lavagem de dinheiro.
No flagrante por uso de documento falso, Charles comprovou endereço no bairro Parque dos Ipês II, em Ponta Porã, mas ele também mantinha residência em uma mansão em condomínio de luxo em Dourados.
A casa, onde vivem a mulher e os dois filhos dele, foi alvo de buscas de policiais do Dracco no dia 17. Dinheiro, documentos e um Toyota Corolla seminovo foram apreendidos nas buscas de sete horas que envolveram até o uso de cães farejadores.
A denúncia foi recebida ontem (31) pela juíza Samantha Ferreira Barione, da 1ª Vara de São Gabriel do Oeste. Ela deu prazo de dez dias para Charles Miller Viola se manifestar por escrito sobre as acusações e arrolar até oito testemunhas de defesa.
Charles Miller Viola está atualmente na Penitenciária de Segurança Máxima da Gameleira em Campo Grande. O advogado dele, Luiz Gustavo Bataglin Maciel, pediu que Charles fosse mantido em Mato Grosso do Sul alegando que a transferência para Goiás dificultaria o contato dele com os filhos.
A juíza de São Gabriel do Oeste declinou competência para analisar o pedido e o caso será decidido pela Justiça de Goiás. A polícia sul-mato-grossense também investiga o registro de nascimento usado por Charles para conseguir identidade em nome de Carlos Roberto da Silva. O documento foi emitido por cartório da fronteira com o Paraguai.