Sucessor de Minotauro foi ameaçado 2 dias antes de ser morto, diz namorada
Sul-mato-grossense disse que tentou, em vão, convencer Ederson Salinas a se mudar para Cascavel
Ederson Salinas Benítez, 33, o “Ryguasu”, executado com 34 tiros no estacionamento de um mercado em Asunción, no sábado (25), tinha recebido ameaça de morte dois dias antes do crime. A informação foi revelada pela namorada dele, a sul-mato-grossense Tatiane Figueiredo. Entretanto, detalhes dessa suposta ameaça não foram revelados.
Ela foi ouvida ontem pelo Ministério Público do Paraguai e está sob proteção policial. Tatiane acompanhava o namorado no momento do crime e também estava com ele no ataque de 25 de março do ano passado, quando pelo menos 15 pistoleiros invadiram a mansão onde “Ryguasu” morava em Pedro Juan Caballero.
Apontado em 2020 como aspirante a sucessor do narcotraficante brasileiro Sérgio de Arruda Quintiliano Netto, o “Minotauro”, no comando do crime organizado na linha internacional entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã, Ederson Salinas estava morando na capital paraguaia por medida de segurança.
Moradora em Ponta Porã, Tatiane contou aos promotores paraguaios que o casal estava há 15 dias em apartamento alugado em Asunción. Cinco dias antes de ser morto, “Ryguasu” recebeu a caminhonete Toyota Hilux blindada.
No sábado, o narcotraficante e a namorada foram com a caminhonete até o mercado, no bairro Las Mercedes. Possivelmente sabendo que o veículo é blindado, os pistoleiros aproveitaram o momento em que ele saiu do mercado para o ataque. Vídeo de câmera de segurança mostrou dois homens correndo atrás de Ederson Salinas. Ferido, ele caiu e recebeu vários outros disparos.
Com o namorado jurado de morte, Tatiane disse ao Ministério Público que pediu a “Ryguasu” para se mudarem para Cascavel, no Paraná, mas ele se recusou a deixar o território paraguaio. Ederson também tinha residência em Ponta Porã.
Ela ainda revelou aos promotores que o homem que acompanhava o casal no mercado, conhecido como “Miller” ou “Milner”, é primo e secretário de confiança de “Ryguasu”. A polícia paraguaia suspeita que esse homem tenha traído o patrão e ajudado no plano para matar o narco fronteiriço.
Segundo investigadores da Polícia Nacional, “Ryguasu”, Tatiane e o tal Miller estavam no apartamento no sábado e saíram juntos para ir ao mercado comprar carne para fazer churrasco. Quando caminhavam em direção à Hilux blindada, surgiram os dois pistoleiros que atiraram mataram Ederson Salinas.
Tatiane e o secretário de “Ryguasu” se refugiaram dentro do mercado, mas Miller desapareceu antes da chegada da polícia. Testemunhas teriam visto ele entrando em uma caminhonete. Na mesma noite, o homem foi até o apartamento do patrão e saiu de lá carregando uma maleta.
De acordo com a imprensa paraguaia, a Polícia Nacional apurou que desde novembro do ano passado, “Ryguasu” e Tatiane se movimentavam frequentemente entre Pedro Juan Caballero e Asunción. Na capital, se revezavam entre dois endereços diferentes.
Apesar de todas as medidas de segurança adotadas por Ederson Salinas, seus inimigos descobriram a rotina do casal. O atentado deveria ter ocorrido ainda em 2022.
No dia 19 de novembro, a Polícia Nacional estourou esconderijo de cinco pistoleiros em Asunción. Na casa localizada no bairro Ykua Satî, foram encontrados fuzis, munições, bloqueadores de sinal de celular, rádios comunicadores, droga e coletes à prova de bala.
Agora, os policiais acreditam que o alvo do grupo seria “Ryguasu”, condenado à morte por disputas internas entre as facções criminosas presentes na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul.
Segundo a polícia, Ederson Salinas era ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), mas existem suspeitas de que a própria facção tenha ordenado o assassinato. Ryguasu, em guarani, significa galinha.