Trabalhadores rurais e população se unem no apoio a equipes que combatem o fogo
Segue intenso o trabalho de combate aos incêndios que desde quarta-feira (07), devastam o Banhado do Rio da Prata, entre as cidades turísticas de Jardim e Bonito, a cerca de 257 quilômetros da Capital. Setenta pessoas entre militares do Corpo de Bombeiros e brigadistas do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, se revesam no combate às chamas, mas eles não estão sozinhos.
Os funcionários e proprietários rurais de pelo menos três fazendas também tem dado apoio crucial no trabalho, com o fornecimento de caminhões pipa, tratores, dentre outras máquinas que estão sendo utilizadas na formação de aceiros. Duas aeronaves, onze viaturas e 2 embarcações também estão sendo utilizadas pelos militares.
A Fazenda Figueira, em Jardim, é um dos pontos de suporte logístico para as equipes com dormitórios, cozinha, banheiros e até acesso a internet. Já na Fazenda Arco Íris, outro grupo está a 48h combatendo o fogo. "Estamos acompanhando de perto e ajudando como conseguimos. As equipes das fazendas estão com equipes e maquinários apoiando o Corpo de Bombeiros e os brigadistas. Todos estão atuando intensamente desde ontem as 7h da manhã", comenta Ana Cristina Trevelin, secretária Municipal de Meio Ambiente e Coordenadora da Defesa Civil de Bonito.
A secretaria ainda apura o que pode ter causado os incêndios, mas num primeiro momento descarta a possibilidade de ação causada por proprietários rurais. Segundo Ana, o clima seco no Banhado do Rio da Prata se intensificou a partir das geadas que houveram há cerca de 15 dias na região. "Tivemos de 3 a 4 dias de geada seguida nos municípios de Jardim e Bonito. Algo que não é visto em mais de 40 anos de acompanhamento. Essa ação climática secou totalmente as matas, lavouras e áreas de pastagem de uma maneira que nunca vimos, transformando tudo em combustível", completa.
A prefeitura de Bonito está dando suporte de alimentação para os envolvidos na operação. A prefeitura de Jardim também vai contribuir com os esforços de alimentação a partir de segunda-feira (12). Hoje, inclusive, voluntários levaram um café da manhã especial para os militares e brigadistas que estão na linha de frente de combate. Os próprios moradores do município já doaram água e, nesta noite, preparam cachorro-quente que será levado para às equipes, conforme apurado pela reportagem.
Devastação - Conforme levantamento feito pela equipe da Fundação Neotrópica, o fogo já destruiu 1.500 hectares e atingiu os dois lados do Banhado, área considerada prioritária para conservação pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). O cálculo foi feito a partir de análise do mapa via satélite.
O receio é que as chamas também atinjam o território do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. “É uma região muito importante de preservação ambiental e nossos trabalhos estão focados para controlar o fogo para que ele não atinja o Parque”, diz o comandante da Operação de combate aos focos, o Major André, via Instagram.