“Você está uma delícia”: diretor que assediou ex-aluna de 15 anos perde o cargo
Contudo, ele vai seguir no serviço público de Nova Andradina como professor
Considerado o melhor diretor que a Escola Efantina de Quadros já teve, Marcos Eduardo Carneiro foi punido pela Prefeitura de Nova Andradina com a perda de cargo após assédio pelas redes sociais à ex-aluna de 15 anos.
Contudo, ele segue como professor da rede municipal de ensino, atendendo ao que pedia defesa. O resultado do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) foi publicado na edição de quinta-feira (dia 22) do Diário Oficial da cidade. O documento é assinado pelo prefeito José Gilberto Garcia.
Também foi aplicada pena de suspensão de 90 dias, mas já cumprida pelo servidor. Ele deverá devolver os valores recebidos durante o período de afastamento.
O desfecho foi contra o parecer da Comissão de Correição Administrativa, que elaborou o relatório final e sugeriu a aplicação da pena de demissão por ser caso de “incontinência pública e escandalosa”, ou seja, comportamento que merece censura.
No dia 11 de maio, a mãe da adolescente fez denúncia à Policia Civil e mostrou os prints das conversas.
Entre as mensagens que foram apresentadas na DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher), o diretor marca encontro com a adolescente no Simted (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), afirmando que está calor e que vai para lá, na intenção de vê-la e se refrescar na piscina.
Também chega a dizer em determinado dia que a menina está "uma delícia" e é advertido pela ex-aluna. "O senhor sabe que vc comentou no meu story pra todo mundo vê, né? (sic)". A adolescente ainda relatou convite do diretor para que ela fosse a sua casa para “comer algo”.
Ela denuncia que o então diretor iniciou sua aproximação quando ainda era aluna da escola. O contato era por meio de curtidas em suas fotos de story de Facebook (fotos que tem 24h de exposição e são apagadas automaticamente pelo aplicativo). Ele reagia com elogio “linda” ou curtia as imagens.
Em dezembro de 2021, numa festa de virada do ano em que foi com o irmão e amigos, ela conta que encontrou o diretor, que passou a mão em suas costas e disse: “aqui eu sou só Marcos, não sou o diretor”. Constrangida, a adolescente se afastou.
A defesa do diretor alegou que o fato investigado ocorreu na vida privada, sem relação com o cargo na escola. “Em continuidade, pontuou que, caso houvesse a aplicação de alguma penalidade, esta fosse aplicada somente em seu cargo eletivo de diretor, não gerando quaisquer efeitos em seu cargo efetivo. Outrossim, acrescentou que nunca houve quaisquer reclamações sobre sua conduta, bem como frisou que os depoimentos foram unânimes em declarar o bom comportamento do investigado”, informa o relatório.
O servidor foi enquadrado por descumprir as regras funcionais de discrição, observância das normas legais e manter conduta compatível com a moralidade administrativa.
O Campo Grande News entrou em contato com a defesa do servidor, e o advogado Johanatann Gill de Araújo informou que não vai se manifestar sobre a decisão da prefeitura.