Juiz ouve testemunhas sobre tentativa de atrapalhar investigação de cigarreiros
Justiça Militar toma depoimentos sobre acusações contra o tenente-coronel Admilson Barbosa e o sargento Ricardo Figueiredo, acusados de impedir acesso a telefones celularres durante a operação
O juiz da Auditoria Militar, Alexandre Antunes da Silva, ouviu nesta segunda-feira (25) no Fórum de Campo Grande testemunhas em processos envolvendo dois policiais militares suspeitos de obstrução da Justiça durante a operação Oiketicus –que apura o envolvimento de PMs com a máfia do cigarro. O tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa e o sargento Ricardo Campos Figueiredo teriam tentado dificultar o acesso dos investigadores a provas. No caso, a informações que seriam levantados em seus telefones celulares.
Segundo informações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o sargento Ricardo Figueiredo não era alvo de mandado de prisão, contudo, acabou detido em 16 de maio por posse ilegal de arma de fogo e obstrução da Justiça, uma vez que, ao avistar os investigadores, teria tentado danificar seus dois telefones celulares, que seriam apreendidos.
A Auditoria Militar realizou a audiência final no caso do sargento. Foram ouvidas duas testemunhas de defesa e uma informante. Detalhes dos depoimentos não foram repassados, já que o processo tramita em sigilo. Contudo, acusação e defesa foram intimados a apresentarem as alegações finais. A expectativa do juiz é de que até final de julho o caso tenha um resultado.
O tenente-coronel, por sua vez, teria se recusado a fornecer a senha para desbloqueio e acesso ao seu telefone, que também seria apreendido. A Auditoria Militar realizou nesta segunda a primeira das audiências neste caso, com oitivas de duas testemunhas de acusação e intimação dos defensores de Barbosa para que indique quem deseja ouvir no processo –a data dos depoimentos ainda não foi marcada.
Contrabando – A Oiketicus –nome científico do “bicho cigarreiro”– apura a participação de policiais no contrabando de cigarros a partir de bases operacionais na região de fronteira e da influência de comandantes sobre seus subordinados. Foram realizadas três etapas da ação, com cumprimentos de mandados de prisão e de busca e apreensão.
Alguns dos alvos da operação chamaram a atenção do Gaeco e da Corregedoria da PM pelo padrão de vida, incompatível com os rendimentos obtidos na corporação –que incluíam desde a aquisição de imóveis e veículos a viagens.