Juíza nega pedido para anulação e júri do Caso Veron ouve índios hoje em SP
Após a justiça indeferir ontem um pedido para anulação do júri popular, prossegue nesta terça-feira, em São Paulo, o julgamento dos acusados de matar o líder indígena guranani-caiuá Marcos Veron, de 72 anos.
O júri começou às 11h de ontem (horário de Mato Grosso do Sul) no Fórum Federal Criminal Ministro Jarbas Nobre. Logo no início, a juíza federal Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Federal Criminal, indeferiu o pedido da defesa para anular a realização do júri, sob a alegação de que a Justiça Federal não teria competência para julgar o caso.
Para hoje, estão previstas as oitivas das sete vítimas, cinco testemunhas de acusação, duas testemunhas de defesa e de uma testemunha definida pela juíza.
Ontem, os sete indígenas que foram vítimas do ataque em Juti, em 2003, quando Veron foi morto, perderam o voo em Dourados e não conseguiram chegar a São Paulo. Eles embarcaram ontem à noite no Aeroporto Internacional de Campo Grande. A família de Veron denuncia que sofreu discriminação em Dourados.
Estão no banco dos réus três seguranças acusados pela autoria do crime: Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde.
Eles são acusados de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e meio cruel, tortura, seis tentativas qualificadas de homicídio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha.
Outras 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime. A acusação vai pedir pena máxima, o que pode resultar em mais de 30 anos de prisão.
A pedido do MPF (Ministério Público Federal) , o julgamento foi transferido de Mato Grosso do Sul para São Paulo. Os motivos foram o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, que teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Este foi o terceiro caso de desaforamento interestadual do Brasil.