MPF quer pena máxima para acusados de matar Marcos Veron
O MPF (Ministério Público Federal) quer pena máxima para os acusados da morte do líder indígena Marcos Veron, de 73 anos, que foi assassinado em 2003, em Juti.
Nesta segunda, a partir das 10h (horário de Mato Grosso do Sul), três réus vão a júri popular em São Paulo. O julgamento será no Fórum Jarbas Nobre. A pena máxima corresponde a mais de 30 anos de prisão. A realização do julgamento repercutiu em todo o Brasil e foi divulgada pela ONG Survival International, organização mundial de apoio aos povos indígenas.
“O Ministério Público vai com toda a sua força (contra os réus) porque matar alguém a coronhadas é muito grave, especialmente quando a vítima tem 72 anos de idade e está indefesa e quando os acusados não respeitam nem crianças e nem mulheres grávidas", afirma o procurador regional da República em São Paulo, Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, em reportagem do jornal O Estado de São Paulo.
Também vão atuar na acusação os procuradores da República, Marco Antônio Delfino de Almeida, de Dourados, e Rodrigo de Grandis e Marta Pinheiro de Oliveira Sena, de São Paulo
Acusados - Estão no banco dos réus três seguranças acusados pela autoria do crime: Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde.
Eles são acusados de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e meio cruel, tortura, seis tentativas qualificadas de homicídio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha. Outras 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime.
A pedido do MPF (Ministério Público Federal), o julgamento foi transferido de Mato Grosso do Sul para São Paulo. Os motivos foram o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, que teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Este foi o terceiro caso de desaforamento interestadual do Brasil.
Violência - Conforme a denúncia, os índios foram atacados na madrugada do dia 13 de janeiro de 2003. Sete índios foram sequestrados, amarrados na carroceria de uma camionete e levados para local distante da fazenda, onde passaram por sessão de tortura.
Um dos filhos de Veron, quase foi queimado vivo. Já a filha, grávida de sete meses, foi espancada. Marcos Verón foi agredido com socos, pontapés e coronhada de espingarda na cabeça. Ele morreu por traumatismo craniano.