Realizado em SP, júri sobre morte de Marcos Veron deve durar três dias
O julgamento dos acusados da morte do líder indígena Marcos Veron, que será realizado hoje em São Paulo, deve durar ao menos três dias. De acordo com a assessoria de imprensa do MPF (Ministério Público Federal), nesta segunda-feira o júri popular será fechado. Porém, o motivo não foi informado. Veron, de 72 anos, foi assassinado em 2003, em Juti, Mato Grosso do Sul.
Estão no banco dos réus três seguranças acusados pela autoria do crime: Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde.
Eles são acusados de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e meio cruel, tortura, seis tentativas qualificadas de homicídio, seis crimes de sequestro, fraude processual e formação de quadrilha. Outras 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento no crime. A acusação vai pedir pena máxima, o que pode resultar em mais de 30 anos de prisão.
A pedido do MPF , o julgamento foi transferido de Mato Grosso do Sul para São Paulo. Os motivos foram o poder econômico e a influência social do proprietário da fazenda, que teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Este foi o terceiro caso de desaforamento interestadual do Brasil.
Em maio do ano passado, o júri popular foi interrompido após o representante do MPF, o procurador da república Wladimir Barros Aras, abandonar o julgamento.
A decisão veio após a juíza federal Paula Mantovani Avelino indeferir o pedido para que o depoimento das vítimas e testemunhas indígenas fosse colhido em tupi-guarani.
Para o MPF, a ordem para que os índios falem apenas português, sem auxílio de intérprete, viola convenções internacionais e a Constituição Federal.
Com a retomada do júri, vão atuar na acusação o procurador regional da República em São Paulo, Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, além dos procuradores Marco Antônio Delfino de Almeida, de Dourados, Rodrigo de Grandis e Marta Pinheiro de Oliveira Sena, de São Paulo.
Conforme a denúncia, os índios foram atacados na madrugada do dia 13 de janeiro de 2003. Sete índios foram sequestrados, amarrados na carroceria de uma camionete e levados para local distante da fazenda, onde passaram por sessão de tortura.
Um dos filhos de Veron quase foi queimado vivo. Já a filha, grávida de sete meses, foi espancada. Marcos Verón foi agredido com socos, pontapés e coronhadas de espingarda na cabeça. Ele morreu por traumatismo craniano.