Justiça nega liminar para soltar presos na operação Lama Asfáltica
O TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) negou liminar para libertar presos na segunda fase da operação Lama Asfáltica, realizada no dia 10 de maio pela PF (Polícia Federal). De acordo com a defesa dos investigados, agora, a decisão será sobre o mérito dos pedidos de habeas corpus.
“Negou a liminar, mas não decidiu sobre o habeas corpus”, afirma o advogado Valeriano Fontoura, que atua na defesa de Edson Giroto (ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal), Rachel Giroto (esposa de Giroto) e Flávio Henrique Garcia Scrocchio (cunhado do ex-secretário). O pedido de liminar estava com o desembargador federal Paulo Fontes. O procedimento é sigiloso.
Agora, será ouvido o MPF (Ministério Público Federal) e o mérito será analisado pela Quinta Turma do TRF3.
De acordo com o advogado Hilário Carlos de Oliveira, também foi negada a liminar no pedido de habeas corpus de Mariane Mariano de Oliveira, filha do servidor da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) Wilson Roberto Mariano, o Beto Mariano. Ele também é ex-prefeito e ex-deputado.
“Ele [desembargador] sozinho não deu a liminar, mas vão julgar o mérito”, diz. Segundo a defesa, ela permanece sem poder sair de casa, no regime de prisão domiciliar. “Ela fica em casa, tem uma criança de um mês e só pode sair com ordem do juiz”, afirma Hilário. Ainda não há data para o julgamento do mérito. Ainda conforme a defesa, o pedido de liberdade para Beto Mariano foi apresentado em separado e ainda não houve resposta.
Batizada de Fazendas da Lama, a segunda fase da operação prendeu 15 pessoas. Do total, oito tiveram a prisão temporária convertida em preventiva. Giroto, Flávio, Beto Mariano e o empresário João Amorim estão presos no Centro de Triagem, no bairro Jardim Noroeste, em Campo Grande.
Mariane, Rachel, Ana Paula Amorim Dolzan (filha de Amorim) e Elza Cristina Araújo dos Santos (sócia e secretária de Amorim) estão em regime domiciliar. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de João Amorim.
A PF analisa os documentos apreendidos e depositou em conta judicial os R$ 475 mil e 50 mil em dólares apreendidos no dia 10 de maio. A investigação identificou R$ 44 milhões em desvio de recurso público e a formação de uma rede de “laranjas”, composta por familiares e terceiros, para lavagem do dinheiro de origem ilícita.
Conforme a denúncia, os valores foram transformados principalmente em fazendas, que totalizam 67 mil hectares espalhados por Mato Grosso do Sul.