Ministério Público quer auditoria nas contas do Hospital do Câncer
O MPE (Ministério Público Estadual) vai solicitar ao Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde) levantamento nas contas do Hospital do Câncer de Campo Grande. Conforme a promotora Paula Volpe, a auditoria é para esclarecer pontos da investigação. O hospital, administrado pela Fundação Carmem Prudente, foi alvo da operação Sangue Frio no dia 19 de março.
A ação foi em parceria entre a PF (Polícia Federal) e a CGU (Controladoria-Geral da União). Conforme a promotora, não pode ser fornecido mais detalhes sobre os pedidos ao Denasus porque a investigação está sob sigilo judicial.
A ação apreendeu documento no hospital, na residência de Adalberto Abrão Sufi, então diretor-geral do Hospital do Câncer, e no HU (Hospital Universitário). A suspeita é de que a rede pública do tratamento de oncologia foi desmontada para privilegiar o setor privado.
Na semana anterior à operação Sangue Frio, o MPE havia requerido à Justiça o afastamento da direção. Também foi denunciado superfaturamento, pagamento de tratamento de paciente morto e contratação de familiares com altos salários.
O contrato com a Saffar & Siufi Ltda (nome oficial da Neorad), que perdurava desde 2004, foi rescindido em agosto do ano passado. Contudo, em março de 2013, o Ministério Público recebeu a informação de que a sucessora no contrato foi a Siufi & Saffar Ltda. Apesar dos nomes invertidos, as empresas têm o mesmo quadro societário. Além de Adalberto, a Siufi & Saffar pertence a Issamir Farias Saffar.
Outros dois integrantes da alta cúpula do hospital também mantinham contrato com empresa da qual são proprietários. Trata-se de Blener Zan (diretor-presidente) e Wagner Miranda (diretor-financeiro), sócios-proprietários da Elétrica Zan. Em cinco anos, a empresa recebeu R$ 26.408 do Hospital do Câncer. Com a operação e decisão judicial, a direção do Hospital do Câncer foi trocada.
Rombo – Conforme levantamento divulgado em 9 de abril pelo novo comando, a dívida da unidade até 22 de março era de R$ 17.763.474,86. A situação mais conflitante é o empréstimo com a Caixa Econômica para a compra de terreno destinado à ampliação do hospital. O valor inicial era de R$ 9,2 milhões para compra da área e R$ 1,3 milhão para saldo da obra.
No entanto, em agosto de 2012, o contrato foi revisto, sem aval do Conselho Curador, e o valor alterado para R$ 14 milhões. A revisão foi assinada pelo então diretor-geral Adalberto Abrão Siufi e sua filha Betina Moraes Siufi Hilger, que foi demitida do cargo de administradora do hospital.
A nova direção determinou que cinco imobiliárias avaliem um terreno e um imóvel que fazem parte do patrimônio do hospital. A estimativa é que a venda dos bens renda até R$ 1,3 milhão. A operação será concretizada mediante aprovação do Conselho Curador e do MPE. O dinheiro será revertido para capital de giro.