Nova direção quer mudar Hospital do Câncer para aumentar doações
Os escândalos de superfaturamento nas contas do Hospital do Câncer de Campo Grande mancharam a imagem do Hospital do Câncer e fez cair a quantidade de doações. Agora, os novos diretores querem mudar a ‘cara’ da unidade de saúde e chamam a população para conhecer os serviços.
Carlos Alberto Moraes Coimbra, diretor-presidente do hospital, diz que a intenção é “turbinar as doações”. Para isso, o pessoal que trabalha com telemarketing – que é o meio principal de contato com doadores - irá receber novo treinamento.
Além da capacitação do telemarketing, a diretoria pretende fazer nova campanha de comunicação para mostrar a mudança no hospital e com isso conseguir novas doações. “Vamos atrás de artistas que nos ajudem a recobrar a credibilidade”, declara Carlos Alberto.
Segundo o diretor-presidente, a campanha, “será feita no momento certo, mostrando que a administração de agora está completamente diferente da que vinha sendo feito”, disse.
Carlos Alberto lembra que o Hospital do Câncer “presta serviço de extrema importância” e convida a população a conhecer a unidade de saúde.
Denúncias - As mudanças no hospital começaram no mês de março, após o MPE (Ministério Público Estadual) levar à Justiça informações sobre suspeitas de irregularidades no local e pedir afastamento da direção que era composta por Adalberto Abrão Siufi (diretor-geral), Blener Zan (diretor-presidente) e Wagner Miranda (diretor-financeiro).
O Conselho Curador afastou provisoriamente a direção, depois a Justiça também deu a mesma determinação e mandou fazer assembleia para eleição dos novos nomes.
A comissão provisória foi ratificada em eleição na noite de ontem. Carlos Coimbra segue como diretor-presidente. Jeferson Baggio Cavalcante foi mantido como diretor-geral e Sueli Nogueira Telles como diretora-financeira. A nova diretoria fica até 2015.
O MPF (Ministério Público Federal) e a PF (Polícia Federal) também apuram irregularidades no hospital. Policiais cumpriram mandadas de busca no local, na casa de Adalberto e na clínica Neorad, que pertence ao médico.
Conforme a denúncias, Siufi fez manobra para manter contrato com a empresa Neorad, do qual é proprietário, e rendia, em média, R$ 3,1 milhões por ano. Pressionado pelo Conselho Curador, o contrato com a Saffar & Siufi Ltda (nome oficial da Neorad), que perdurava desde 2004, foi rescindido em agosto do ano passado.
Contudo, em março deste ano, sete meses depois, o Ministério Público recebeu a informação de que a sucessora no contrato foi a Siufi & Saffar Ltda. Apesar dos nomes invertidos, as empresas tem o mesmo quadro societário. O detalhe é que o contrato previa o pagamento do valor estipulado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mais acréscimo de 70%.
Finanças - Os diretores fizeram uma devassa nas contas do hospital. De acordo com balanço divulgado nesta terça-feira, a dívida era de R$ 17.763.474,86 em 22 de março. Do total, R$ 600 mil foram pagos até hoje.
O maior valor, R$ 14 milhões, corresponde a empréstimo com a Caixa Econômica Federal. O financiamento foi em 60 parcelas de R$ 269 mil. Seis já foram pagas.
A direção determinou que cinco imobiliárias avaliem um terreno e um imóvel que fazem parte do patrimônio do hospital. A estimativa é que a venda dos bens renda até R$ 1,3 milhão. A operação será concretizada mediante aprovação do Conselho Curador e do MPE. O dinheiro será revertido para capital de giro.