Operação isola "chefões" para enfraquecer atuação do PCC em MS
Seis chefões do PCC (Primeiro Comando da Capital) foram presos na Operação Eríneas, deflagrada nesta terça-feira (17) pela Polícia Civil em parceria com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e outras forças policiais de Mato Grosso do Sul.
Os líderes estavam em presídios de Campo Grande e Dourados e foram remanejados para presídios federais, onde ficarão isolados e sem comunicação com outros presos. Os outros integrantes da facção estavam nas cidades de Três Lagoas, Paranaíba, Ribas do Rio Pardo e Mundo Novo, alguns em presídios e outros em liberdade.
Ao todo, a operação cumpriu 67 mandados de prisão e de busca e apreensão; 63 pessoas foram presas e os três maiores presídios do Estado – Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, Penitenciária Harry Amorim Costa de Dourados e Presídio de Três Lagoas – passaram por pente fino.
Dos 63 presos na operação, 42 já eram detentos do sistema carcerário. As forças de inteligência das polícias avaliaram a influência que cada um deles exercia sobre os demais e decidiram fazer um esquema de transferência de presídios. Pelo menos 50% dos presos foram remanejados.
“Parece até redundância prender quem já está preso, mas esses indivíduos terão suas penas agravadas e evitaremos que eles fiquem em sociedade no fim do ano, com o direito de passar o Natal em casa”, disse o promotor do Gaeco, Marcos Alex Vera.
De acordo com a Lei Federal 12.850/2013, os presos na Operação Eríneas serão denunciados por integrarem facção criminosa e podem ter a pena agravada de três a oito anos, além da que já cumprem. No caso dos seis líderes, a penalidade pode dobrar.
Fora dos presídios, a Polícia Civil apreendeu 11 quilos de maconha e meio quilo de pasta base de cocaína, além de um revólver calibre 38. São 2,7 mil cigarros de maconha e 2 mil papelotes de cocaína que deixarão de ser consumidos no mercado local.
Fundador do PCC preso – Um dos presos na operação Eríneas foi um detento conhecido como Paulinho Neblina, um dos fundadores do PCC. Ele já cumpria pena no Presídio de Presidente Venceslau (SP) e será denunciado por integrar facção criminosa.
Paulinho Neblina foi um dos fundadores do PCC em 1993 na cidade de São Paulo. Ele tinha contato direto com Marcola - que também está preso e é considerado o chefão de toda a facção - e dava ordens para os seis chefões do grupo em Mato Grosso do Sul.
De acordo com as forças policiais, Paulinho exercia grande influência sobre os chefões do das cidades sul-mato-grossenses. “E todos eles já possuem antecedentes como tráfico, homicídios, roubos, furtos e outros. Agora, vão responder por mais um crime”, ressaltou Marcos Alex.
Crimes e importância do MS para o PCC – Os crimes cometidos e ordenados pelos integrantes do PCC eram, em sua maioria, voltados ao tráfico de drogas. “O tráfico é a força motriz deles. É o que financia”, contou o promotor.
Os integrantes costumam arrecadar dinheiro com roubos e furtos e investir o montante na venda de drogas. “O tráfico de entorpecentes é um megainvestimento para eles, já que conseguem ganhar até cinco vezes mais do que colocam”, revela.
Dessa forma, Mato Grosso do Sul tem grande importância para o PCC e figura como o terceiro estado de maior relevância para o grupo pelo fato de funcionar como rota e corredor da droga. O primeiro estado é São Paulo e o segundo é Minas Gerais por possuir grande mercado consumidor.
Objetivo Operação – A operação Eríneas teve como objetivo identificar os integrantes de facções criminosas dentro de fora do Estado e coibir possíveis crimes e ataques.
“Os trabalhos começaram em agosto. Mapeamos e identificamos esses integrantes que lideravam e orientavam crimes de tráfico e possíveis ataques em Mato Grosso do Sul”, explicou o promotor do Gaeco.
Integração das forças policiais – Para o secretário estadual de Segurança Pública, Wantuir Jacini, a política de integração entre as forças policiais foi muito importante para que a operação Eríneas fosse considerada um sucesso.
Ao todo, cerca de mil homens da Polícia Militar, Polícia Civil, Gaeco e Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) atuaram nos trabalhos. “Foi uma operação baseada em cima da inteligência que combateu o crime organizado e suas modalidades. Foi um sucesso das quatro estruturas organizacionais", garantiu.
Na coletiva de imprensa, estavam presentes o secretário de Justiça Wantuir Jacini; o delegado geral da Polícia Civil, Jorge Razanauskas; o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto dos Santos Davi; o promotor do Gaeco, Marcos Alex Vera; e o diretor presidente da Agepen, Deusdete Oliveira.