PEC 300: PM e Bombeiros ainda não definiram paralisação
Policiais e bombeiros militares de todo o país ameaçam paralisações a partir do próximo dia 3 de março caso a Câmara Federal não vote a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 300, que cria o piso salarial de R$ 4,5 mil para a categoria. Mas as associações de classe no Estado não parecem concordar com o radicalismo, ainda.
A Frente Parlamentar em Defesa dos Policiais e Bombeiros Militares propõe que no dia 3, os militares cruzem os braços ou que os familiares destes façam protestos em frente aos quartéis, para impedir que estes trabalhem. O deputado federal Capitão Assumpção (PSB-ES) disse que "isso não contraria a Constituição".
O presidente da Associação Beneficente de Subtenentes e Sargentos da PM, sargento Thiago Mônaco, diz que a classe ainda delibera sobre o assunto, "a principio, greve não é permitida pelo comando. A PM ficar paralisada é algo complicado". O sargento ressaltou que o movimento é baseado na legalidade e aguardam a definição da frente parlamentar, "mas para nós do MS ainda não está cogitado uma paralisação".
O Estado possui quase 5.500 policiais militares, entre praças e oficiais, e 1.100 bombeiros militares. No dia 2 de março, representantes dos militares estarão em Brasília, para mobilizar os líderes a colocarem a PEC 300 na pauta. Caso seja levada a plenário, dificilmente a proposta não seria aprovada pelos deputados, acreditam.
Para o presidente da ASSBM (Associação dos Subtenentes e Sargentos Bombeiros Militares do Estado de Mato Grosso do Sul), sargento João Cesár Macedo Ferreira, a mobilização irá definir os rumos de uma paralisação ou não. "Ainda vamos resolver o quê fazer caso não haja acordo entre os deputados. Nosso serviço é de emergência, então seria inviável que os bombeiros parassem". Para o sargento, a prioridade é convencer os parlamentares da votação.
A mobilização ainda divide setores militares no Estado. A ACS (Associação dos Cabos e Soldados da PM e dos Bombeiros), uma das principais representações militares, passa por processo eleitoral e seus postulantes têm idéias diferentes a respeito da PEC 300.
O atual presidente e candidato à reeleição, soldado José Florêncio de Melo Irmão, acredita que os deputados federais da frente parlamentar não estão sabem coordenar o movimento e que a ACS está ligada à Anaspra (Associação Nacional de praças), liderada pelo deputado distrital Cabo Patrício (PT-DF), "Nós, da Anaspra, estamos planejando uma mobilização nacional para abril. Pode ser o aquartelamento ou greve, se for preciso. A PM do Estado parou em 1997 e também 2000", citou.
Melo Irmão também disse que nas conversas a respeito de reajuste com o governo estadual, que se iniciam em março, levará um plano salarial já prevendo a possível aprovação da PEC. "Queremos alinhamento salarial a partir da linha da PEC 300".
Para o coronel Iacir Paulo Rodrigues de Azamor, da AOFMS (Associação dos Oficiais Militares de Mato Grosso do Sul), não há possibilidade de greve, "uma mobilização em Brasília, sim. Mas paralisação? Não acredito ser possível".
O coronel lembra que os militares têm de trabalhar para conscientizar e mobilizar a sociedade, "uma paralisação não seria uma medida simpática, já que a PM e os Bombeiros são serviços essenciais à população". Azamor ressaltou que a mobilização em Brasília fará os líderes partidários colocarem a proposta em votação, "tudo depende dos líderes".
Diálogo