Queimada força famílias a fugir de casa no Campina Verde
Os moradores do bairro Campina Verde, localizado na saída para São Paulo, sofrem quase diariamente com as queimadas na região. Na Rua Dolores Duran, um extenso matagal separa o bairro de um conjunto de casas da prefeitura e é o ambiente escolhido para destruir folhas e lixo.
"Todo dia chega gente com carroça de lixo e joga aí. Mas tem quem coloque fogo e me deixa sufocada. Não posso ficar na minha casa quando o vento vira e a fumaça vem pra esse lado. Fico pensando em quem mora do outro lado do mato como deve ser ruim", relata a costureira Maria Josina Ramos, de 58 anos, que há 1 ano reside no bairro Campina Verde.
Vizinha de Maria Josina, a auxiliar de limpeza Hélia Martins é a voz que pede ao Corpo de Bombeiros para acabar com essa situação. "Já cansei de ligar para eles quando alguém coloca fogo aqui. O jeito é se trancar dentro de casa e morrer de calor, ou ir para casa de algum parente até a fumaça diminuir", diz a moradora.
No final da tarde de segunda-feira, o Campo Grande News flagrou a alta fumaça provocada pela queimada. Da Avenida Gury Marques era possível ver o resultado das chamas no capim seco.
O inverno de Mato Grosso do Sul é marcado por um longo período de estiagem, com temperaturas mais baixas pela manhã e à noite, e tardes de muito sol. Aliado a isso, o tempo seco favorecer o aparecimento de focos de queimadas, além de colaborar quando a prática de atear fogo em folhas ou lixo é praticado sem orientação.
"Se não foi alguém que coloca fogo em lixo e folha, pode ser um desses drogados que entram no mato para fumar maconha. O cara deixa uma bituca e o fogo pega rapidinho. Tinha que cortar logo isso para acabar com esse esconderijo de marginal", sugere a dona de casa Geni Trindade, de 71 anos.
Para Janaína Ferreira Mendonça, de 19 anos, a preocupação é com a filha de 2 anos. "Temos a minha bebê e uma sobrinha com problema de bronquite. Essa fumaça é um veneno. Não se mais o que fazer. Toda semana é isso. Da última vez, os bombeiros tiveram que usar o abafador para controlar o fogo, porque com água não daria certo".
O Corpo de Bombeiros atende chamados de incêndios ou denúncias de queimadas pelo número 193. Em duas semanas foram 34 casos só em Campo Grande.