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Cidades

Silêncio na morte de delegado impediu Polícia de oferecer a delação premiada

Graziela Rezende | 05/09/2013 12:33
Antônio deu cobertura na fuga, segundo Polícia. Foto: Marcos Ermínio
Antônio deu cobertura na fuga, segundo Polícia. Foto: Marcos Ermínio
Guarda Municipal nega participação no crime. Foto: Marcos Ermínio
Guarda Municipal nega participação no crime. Foto: Marcos Ermínio

O interrogatório com os suspeitos de executar o delegado Paulo Magalhães, no dia 25/06, em Campo Grande, de nada adiantou para a Polícia e demonstrou a frieza e o “profissionalismo” do pistoleiro José Moreira Freires, 39 anos, além do comparsa Antônio Benites Cristaldo, 36 anos. A atitude, de acordo com o delegado Alberto Rossi, um dos responsáveis pela investigação, impediu a Polícia de oferecer a delação premiada para tentar descobrir o mandante do crime.

Ao se apresentarem “espontaneamente” com os respectivos advogados, assim que foi expedido o mandado de prisão temporária, ambos permaneceram quietos por mais de 1h. Enquanto a Polícia apontava os indícios e questionava das provas que possui, inclusive falando das denúncias que os apontavam, os suspeitos ficaram calados e disseram que só falariam “em juízo”.

“Como eles ficaram calados, não pudemos oferecer a delação premiada, mas isso não significa que isso não possa ser oferecido novamente. O próximo passo é descobrir o mandante e, de qualquer maneira, as investigações continuam, eles falando ou não”, afirma o delegado.

Sobre o “profissionalismo” dos suspeitos, que inclusive não possuem passagem policial, com exceção do terceiro indiciado Rafael Leonardo dos Santos, 29 anos, que está foragido e tem uma por receptação, a Polícia ressalta detalhes do crime de pistolagem.

Hora certa: “Eles sabiam que não iria dar certo atirar na vítima com o carro andando, então aproveitaram o momento em que ele estava mais vulnerável. Na ocasião, o veículo estava parado, chovendo e seria difícil identificar as pessoas na moto, principalmente porque o vidro estava embaçado. Nem se o delegado estivesse com a arma na mão seria difícil se defender dos autores, foi uma atitude extremamente covarde. Ele jamais conseguiria reagir”, afirma o delegado Rossi.

Coletiva no Garras. Foto: Marcos Ermínio
Coletiva no Garras. Foto: Marcos Ermínio

O caso continua em uma 2ª etapa de investigação. O próximo passo é apontar ao certo quem seriam os mandantes, o valor da recompensa e ainda o que foi feito com este dinheiro, sendo todas as informações do patrimônio dos envolvidos repassadas ao Judiciário, conforme o delegado Edilson dos Santos, presidente do inquérito policial.

Delação premiada: Um artifício para o combate à criminalidade, em especial aos grupos organizados, é quando o acusado no processo penal é incitado pelo Estado a contribuir com as investigações, confessando a sua autoria e denunciando seus companheiros com o fim de obter, ao final do processo, algumas vantagens na aplicação de sua pena, ou até mesmo a extinção da punibilidade.

Uma vez aceitando a proposta de “cooperar com a elucidação dos fatos”, o réu abre mão do direito ao silêncio e à ampla defesa, assegurados na Carta Magna, trai seus companheiros, e se beneficia da sua própria perfídia ao obter uma atenuação em sua pena.

Crime: Paulo Antunes Magalhães, 57 anos, foi atingido por uma pistola de 9 milímetros, de uso restrito do Exército. Ele estava na frente da escola da filha, na rua Alagoas, quando foi alvejado.

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