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Cidades

Sistema integrado de dados surgiu em MS e virou referência até nos EUA

Luciana Brazil | 14/04/2014 16:12
Adriano lembra que o sistema está em constante evolução. (Fotos:Simão Nogueira)
Adriano lembra que o sistema está em constante evolução. (Fotos:Simão Nogueira)

Referência para outros países, até mesmo para os Estados Unidos, Mato Grosso do Sul foi o primeiro Estado a desenvolver um sistema de segurança pública que concentra informações em um único banco de dados. O SIGO- CADG (Sistema Integrado de Gestão Operacional - Central de Comando e Controle), criado por um empresário da Capital, já foi comercializado, por enquanto, para cinco estados no Brasil, entre eles Acre e Alagoas.

O sistema possibilitou a Mato Grosso do Sul resultados relevantes na área, como o recorde consecutivo, por três anos, de recuperação de veículos roubados em até 48 horas.

A integração dos dados de órgão federais, estaduais e municipais consolida o sistema como o maior em número de usuários no Estado, 17 mil pessoas.

“É um projeto de convergência de informações. Estamos muito avançados na área de segurança pública. Nem mesmo os Estados Unidos têm um sistema tão integrado quanto o nosso. O SIGO atua no processo de ponta a ponta na área de segurança”, disse o criador do SIGO, o empresário Adriano Chiarapa.

Comissões de países desenvolvidos, como França e EUA, além de Uruguai, Angola, Venezuela, Panamá, Camarões, entre outros, já visitaram o Estado a fim de conhecer o Sistema Integrado.

“Ja temos propostas de vários países. Somos o primeiro estado a criar o conceito de informação integrada. A unificação virou discurso comum no Brasil por causa de Mato Grosso do Sul”, diz Adriano.

O empresário ressalta que o SIGO é um sistema de gestão e não apenas onde se faz o Boletim de Ocorrência. “É um projeto com informações extremamente detalhadas”, explica.

“Ali, eu percebi que tudo que os filmes mostravam era mentira. Aquela informação concentrada não existia”.
“Ali, eu percebi que tudo que os filmes mostravam era mentira. Aquela informação concentrada não existia”.

Com a plataforma é possível acompanhar as áreas da cidade onde estão sendo registrados os maiores números de ocorrência, ver o tempo médio de atendimento nas delegacias e acompanhar quais são os tipos de casos que estão em andamento.

A tecnologia permite também acompanhar a quantidade de carros roubados que estão em situação de busca e até mesmo o desempenho dos policiais pode ser analisado.

Entre os bons resultados gerados pelo SIGO, o Estado também é recordista por quatro anos consecutivos no cumprimento de mandados de prisão. “Isso mostra o quanto o sistema é vital”, frisa Adriano.

O SIGO reúne todos os órgãos de segurança pública, desde a Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Departamento de Trânsito até Agência Penitenciária, Defesa Civil, Guarda Municipal e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Adriano se recorda que, há 16 anos, quando o secretário de Segurança Pública do Estado o procurou para solucionar um problema de tecnologia, ele observou a ausência de um banco de dados que concentrasse as informações do setor.

“Eu perguntei se não havia uma integração entre as forças e me disseram que não. Fui entender como as coisas funcionavam”.

A partir daí, Adriano iniciou uma pesquisa, onde, segundo ele, não encontrou nada parecido com o que existe hoje no Estado. “Ali, eu percebi que tudo que os filmes mostravam era mentira. Aquela informação concentrada não existia”.

O empresário, por formação administrador de empresas, começou a desenvolver o sistema que unificasse os dados. Só após cinco anos de trabalho, ele considerou o projeto como integrado. “Mas ele está em contínuo processo de desenvolvimento e vai ser sempre assim”.

Segundo Adriano, o governador André Pucinelli (PMDB) foi o responsável por concretizar o “banco único de criminalidade”.

“No início foi uma aquisição fragmentada, mas André consolidou e colocou todo o sistema para funcionar. Foi muito importante para o Estado”.

Conforme Adriano, o governador determinou, na época, que o SIGO se tornasse um instrumento oficial de segurança pública. “Assim começou a unificação entre bombeiro, PM, Ciops (Centro de Integrado de Operações de Segurança). É preciso ter coragem para instalar o SIGO porque quando se instala o governador mostra seriedade, é quando se organiza uma empresa”, comentou o empresário.

Paulista, radicado em Mato Grosso do Sul há 35 anos, Adriano explica também que auditorias são feitas rotineiramente no sistema.“É possível saber até em que máquina foi feito o B.O”.

O acesso às informações é dividido em sete níveis de segurança, que começam com o governador e o secretário de Segurança Pública.

O SIGO já foi vendido por até R$ 9 milhões, mas Mato Grosso do Sul adquiriu a tecnologia por R$ 238 mil, na época, contou o proprietário da empresa.

“Se colocar na ponta do lápis, o custo que se tem com o sistema é muito menor do que sem ele”, garante Chiarapa.

“Antes, se um fugitivo fosse encontrado era preciso telefonar para todas as cadeias para saber de onde ele fugiu.Isso gastava telefone. Hoje, é só digitar o nome dele. Se precisasse de um mandado de prisão, era preciso busca-lo, hoje é só digitar o nome no sistema e imprimir, o que economiza gasolina, entre outras coisas”, aponta.

Ele conta ainda que tecnologicamente não encontrou problemas para desenvolver o SIGO. "Já o corporativismo dificultou o processo. Houve resistência, mas aos poucos foi vencida".

Os novos passos serão dados agora em direção ao número 190. "Este sistema ainda não conversa com o SIGO. Hoje ele é antiquado. Vamos integra-lo ao sistema e assim, poderemos acompanhar a ocorrência desde a ligação até o registro na delegacia".

Apesar de tanta efetividade e integração, a polícia não escapa das críticas, diz Adriano. "Mas isso é por falta de conhecimento. A polícia trabalha e podemos ver isso pelo sistema. Os policiais prendem, a cadeia está cheia, mas o problema são as leis", disse.

"É como o pátio do Detran. As pessoas reclamam porque o local está lotado, mas é claro, o trabalho está sendo feito", finaliza.

Hoje, são 152 pessoas trabalhando no escritório do SIGO, entre eles há profissionais do Corpo de Bombeiros, policiais e outras forças. "Precisa haver essa ligação. Eles são um elo entre o sistema e corporação", explica o empresário.

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