1700, o ano em que as fazendas ficaram ricas e confortáveis
Em 1700, uma simples descoberta traria grande riqueza a famílias médias e relativamente pobres. E levaria uma novidade às residências rurais: o conforto. A descoberta era simplesmente plantar o ano todo. Antes, desde a antiguidade romana, uma parte da terra ficava em "pousio", nada era plantado. Por isso, só as grande fazendas produziam razoável riqueza para seus proprietários. Não parece uma descoberta tão brilhante assim, mas o fato é que ela mudou o mundo.
Ingleses e holandeses mudaram a vida rural.
Tradicionalmente, a maioria das terras agrícolas era dividida em longas faixas - costume que chegou ao Brasil no Rio Grande do Sul, nos anos 1960 - e, pelo menos, um terço da terra era deixado em repouso para recuperar a capacidade de produzir colheitas saudáveis. Isso significa que pelo menos um terço das terras estava sempre ocioso. Em consequência, não havia alimento suficiente para sustentar um grande número de animais e os proprietários eram obrigados a abatê-los. Mas os agricultores ingleses e holandeses acabaram descobrindo que se plantassem nabos, trevos ou outras culturas apropriadas nas áreas ociosas, elas milagrosamente enriqueciam o solo e ainda produziam forragem em abundância para os animais, como resultado de uma "injeção " de nitrogênio na terra.
O ciclo virtuoso com o estrume e a chegada ao Brasil.
Além disso, com mais animais no campo, ocorria uma super produção de esterco, o glorioso fertilizante gratuito, que enriquecia ainda mais o solo. Para a população, tudo isso parecia um verdadeiro milagre. Até esse tempo, a agricultura se arrastava de crise em crise. Perdiam uma colheita a cada quatro. Foi essa longa idade de ouro que deu à zona rural um ar de tranquilidade, beleza e prosperidade que se vê até hoje. E assim surgiu o conforto nas casas rurais. Não há uma data certa para essa "novidade" aterrissar em solo brasileiro, no Paraná, mas tudo indica que foi nos anos 1960, "só" 260 anos depois de ter sido inventada.