A ciência explica porque gostamos de cerveja

As crianças são essas estranhas criaturas que se divertem enfiando bolotas nos ouvidos e raminhos no nariz. Mas se elas brincam com plantas, é quase lei: odeia levar à boca uma simples folha de alface. Por estranho que pareça, elas estão certas quando olhamos a evolução. É ela quem nos prepara para a sobrevivência. Quando nosso cérebro primitivo vê uma planta, grita: não a toque! É perigosa!

Elas não rugem, mas matam.

Somos feitos para viver em um mar de ervas, flores, troncos, talos... A metade deles carregados de espinhas, partículas urticantes, toxinas, óleos nocivos e venenos mortais. Nenhum vem com uma bula, um prospecto com instruções de uso ou qual a dose recomendada. Tivemos de aprender coletivamente, através de erros e acertos, e passar esse conhecimento para as novas gerações. As plantas perigosas não rugem, não mostram garras, não saltam em cima de você e nem te perseguem pelas matas. Não há forma de só com o olhar descobrir qual folha nos matará e qual pode ser levada ao almoço. Dependemos, assim, da intrepidez de alguns verdadeiros heróis para descobrir qual planta é assassina de humanos.

18 meses, a idade chave.

Em torno dos 18 meses de idade, o bebê começa a mover-se de forma autônoma, mas não é capaz de viver sem supervisão. Isso acontece simultaneamente com uma série de fenômenos interessantíssimos. Na grande maioria dos bebês forma-se um profundo desinteresse por comer plantas. Também aparece uma aversão pelo sabor amargo, que o cérebro vincula aos venenos. Há outra gama de bebês que desenvolve um fenômeno denominado "neofobia alimentar", aversão a todas as comidas desconhecidas.

Quem gosta de cerveja aprendeu quando criança a gostar do sabor amargo.

Mas a ciência encontrou explicações para superarmos o ódio ao sabor amargo (fomos feitos para gostar de sabores doces e salgados). O truque é simples mas exige muito esforço e disciplina: exigir que pessoas desde cedo comam plantas. Só assim superam a animosidade com o amargor vegetal (que é uma eficiente forma das plantas se defenderem). Em suma, é bem provável que você que adora uma cerveja tenha aprendido a gostar de vegetais bem cedo. Quem não aprendeu, dificilmente gostará de beber um copo de plantas fermentadas.