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Em Pauta

A neurociência tenta explicar porque não mudamos o voto

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/08/2016 07:00
A neurociência tenta explicar porque não mudamos o voto

Escândalos. Péssimas administrações. Engôdos. Manipulações. Mentiras óbvias. Nada disso muda nossos votos. Porque continuamos votando nos mesmos políticos de sempre? Os estudos recentes em neurociência confirmam que estamos decididos a manter nossas opiniões mesmo que existam dados claros que as coloquem em dúvida. Preferimos nossas ideias pré-concebidas, preconceitos, porque nos dá satisfação e segurança. Isso mesmo, satisfação e segurança. Apenas emoções. Nenhuma razão. Ignoramos o que nos dizem outras partes do cérebro e preferimos a segurança quando as decisões são complexas.

Nossas emoções estão acima das razões. Somos animais emocionais e não racionais, quando se trata de escolher um candidato ou um partido. Tudo bem. Mas um pouquinho de raciocínio lógico faz bem, para cada um de nós e para a cidade. Temos tempo para amadurecer, para meditar nossa escolha e escolher o menos ruim.

A neurociência tenta explicar porque não mudamos o voto

Memórias da guilhotina

Segundo as anotações dos velhos marceneiros da França, as duas vigas verticais dessa máquina da morte mediam 4,50 metros, e a separação entre uma e outra era de 37 centímetros. lâmina pesava 7 quilos, era fixada por três esferas presa em um cabeçalho que pesava 30 quilos. Percorria uma queda de 2,25 metros antes de cortar o pescoço do condenado. A máquina inteira montada pesava 580 quilos. Esse ritual era acompanhado por uma convulsão popular e um alarido de horror. Todos sabemos, a morte não tem amigos sinceros. Nem a queda de governantes.

Um condenado em seu desespero e agonia era, de alguma maneira, também o objeto do desejo do verdugo e da população que acompanhava com um misto de terror e prazer. Uma luxúria secreta. Uma espécie de fogueira e ilusão sanguinolenta. Ao refletir sobre os tipos variados de guilhotinas qualquer um tem a sensação de estar se transmutando.

Mas não se deve esquecer que o projeto do Dr.Guillotin teve, também, "razões humanitárias", conforme a propaganda francesa. Dizem eles que o doutor só propôs a máquina, que, aliás, herdou seu nome, para diminuir o sofrimento dos executados. Antes, os condenados eram submetidos longos suplícios e a difíceis processos de morte. A espada raramente cortava as cabeças com destreza. O sabre era impreciso, as cabeças eram destroçadas e os pescoços, praticamente, arrancados antes que o acusado morresse.

Para os socialistas uma informação: a guilhotina só parou de ceifar vidas em setembro de 1981. Na França. Quem tem estômago, faça proveito.

A neurociência tenta explicar porque não mudamos o voto
A neurociência tenta explicar porque não mudamos o voto

Os robôs estão invadindo os hospitais japoneses

Atualmente, no Japão, 26% da população tem mais de 65 anos. Esse índice pode chegar a 40% em 2060. O número de pessoas idosas dependentes não para de crescer, enquanto todos os estudos preveem uma penúria de auxiliares médicos. A principal solução adotada pelo governo Abe Shinzo (o Mário Bross do encerramento das Olimpíadas Rio-2016) reside no recurso a robôs enfermeiros para reduzir a falta de mão de obra especializada de auxiliares e acompanhantes, e também no reforço da autonomia do idoso na vida cotidiana. O plano Abe prevê ainda cobrir os gastos ligados ao uso de robôs nos planos de saúde.

Alguns protótipos estão a caminho. Após uma década de pesquisas com o robô denominado "Humanoid", a Toyota lançou, em 2013, diversos modelos de sua linha "Partner Robot" (robô parceiro), um robô falante de braços articulados capaz de levar um objeto a um paciente acamado, abrir a porta e fechar as cortinas. Hoje, esse robô é usado em 40 hospitais japoneses.

A Panasonic obteve certificação de seu robô entregador de medicamentos denominado "Hospi", mas seu projeto maior é o exoesqueleto concebido para reforçar a motricidade em casos de paralisia, poliomielite, mobilidade reduzida do idoso ou do enfermo e para reeducação motora. Alguns milhares de unidades do exoesqueleto da Panasonic já foram vendidos no Japão. Preveem quadruplicar suas vendas até 2025.

Mas foi a pequena empresa Cyberdyne que conquistou primeiro o mercado mundial com seu membro de assistência hibrido HAL (Hybride Assistive Limb). O aparelho capta sinais emitidos pelo cérebro humano e detecta as intenções de movimento. Útil aos idosos e pessoas com deficiência, também está sendo colocado para auxiliar trabalhadores com cargas pesadas. O hospital Fujita Health, um dos mais modernos do Japão, já usa amplamente esses exoesqueletos para caminhadas assistidas. Essa caminhada usa uma tela para controlar a qualidade da caminhada e a repartição do peso do corpo.

A neurociência tenta explicar porque não mudamos o voto

Os primeiro robôs "emocionais". A alma do robô

Os primeiros robôs japoneses emocionais destinam-se a auxiliar em casos de problemas comportamentais e cognitivos. Eles estabelecem uma relação com o paciente com o objetivo de acalmar casos de demência (Alzheimer e outros transtornos assemelhados), ansiedade e solidão. A ideia é reproduzir os efeitos da zooterapia, sem os riscos inerentes aos animais reais. O bebê-foca Paro, por exemplo, é dotado de sensores e recoberto por uma pele sintética suave, e reage em função do toque do paciente: produz alguns barulhos, mexe as narinas pisca os olhos. Milhares de unidades já foram vendidas e são exportadas para a França, Itália, Escandinávia, Alemanha e Estados Unidos.

Os obstáculos à popularização dos robôs usados como auxiliares médicos são físicos e financeiros. No Japão, 65% dos pacientes são favoráveis ao uso dos robôs e percebem as máquinas como companheiros. Os robôs estão bem estabelecidos na cultura nipônica.

Na cultura xintoísta, importante na sociedade japonesa, alguns animais ou paisagens podem carregar uma alma - os chamados "kami". Entre eles, estão o Monte Fuji, os gansos do parque de Nara, e os robôs.
Sem dúvida, o Japão terá humanoides como vitrine nos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. "Estamos preparando , de verdade, jogos olímpicos entre robôs", declarou Kochiyama Satoshi, chefe do departamento de robótica de Nedo. A cidade olímpica será robotizada.

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