A perda da confiança pode ser resolvida pela mediação
A mediação pode ser um instrumento útil para abordar muitos conflitos que tem por base a perda de confiança entre as partes. Conhecer os fundamentos desse tipo de técnica, a mais empregada no mundo ocidental, pode ajudar-nos a abordar muitos problemas que não encontram uma boa solução através da judicialização.
Pode ser empregada desde os conflitos entre indígenas e fazendeiros até as frequentes invasões de terrenos para montar novas favelas (sempre conduzidas por políticos visando votos). A base é a mesma: procurar solucionar conflitos em que as partes perderam confiança uma na outra. A ideia é que os implicados busquem soluções, evitando que um juiz decida.
Os requisitos para a mediação são a confidencialidade (inexistente no Brasil atual), neutralidade, imparcialidade e vontade das partes. Uma vez assegurados esses pré requisitos, a mediação pode ser iniciada. A primeira tarefa, ensinam os grande mediadores europeus, é não buscar a negociação como primeiro objetivo e sim a recuperação da confiança. E o que é a confiança?
Aquilo que nos permite esperar que o outro cooperará conosco. Ele deixará de tentar nos enganar. Todavia, é difícil recuperar a confiança de alguém que nos enganou. Devem ser criadas novas regras do jogo. Com as regras que estão estabelecidas e conhecidas, não ocorrerá mediação.
Cada parte deve estabelecer as condições para a mediação. Elas não são muito importantes, o que importa é possam ser o primeiro passo para a recuperação da confiança. Também é importante que nesse momento fique claro que uma das partes abandonará a mediação caso se sinta ameaçado física ou verbalmente. O local da mediação é importante. Deve ser procurado um espaço neutro, onde ninguém se sinta mais pressionado que o outro.
Uma das mais importantes vantagens da mediação é a inexistência de vencedores e vencidos ao fim do processo. Mas, a mais importante consequência da mediação é que a solução alcançada tenha enormes possibilidades de ser definitiva. São os próprios implicados que negociam os acordos e concessões e por isso, sentem-se responsáveis pelos mesmos.
A cúrcuma pode melhorar tua saúde?
A cúrcuma é um dos condimentos da moda em todo o mundo. Ela é uma planta da família do gengibre. No Brasil, é também conhecida como açafrão-da-Índia, turmérico e raiz-de-sol. Mas agora, milhões de pessoas mais que conhecer a cúrcuma como o principal ingrediente do molho "curry", a agregam a quanta comida que podem, e inclusive a bebidas como o chá.
A razão: há quem sustenta, com grande convencimento, que a cúrcuma promove enormes benefícios para a saúde, como curar alergias e inclusive depressões. São afirmações fortes e arriscadas. Por acaso, a cúrcuma é mais um daqueles alimentos que entram na moda, tem seus cinco minutos de fama e dissolve as esperanças das pessoas que buscam uma vida mais saudável? A cúrcuma tem mais de 200 tipos de compostos, um deles é o curcumin, que lhe dá a cor clássica entre amarelo e alaranjado. Existem dezenas de investigações científicas em torno do curcumin que mostram seus poderes benéficos para a saúde... de ratos.
A BBC convidou especialistas da Inglaterra e recrutou 100 voluntários para por a prova as propriedades da cúrcuma. Os participantes foram divididos em três grupos. O primeiro comeu uma colher de cúrcuma em sua comida diariamente. O segundo grupo tomou uma cápsula com a mesma quantidade do condimento. O terceiro, ingeriu um placebo, uma pastilha com um componente inócuo como o açúcar. Passadas três semanas, o professor Martin Widschwendter, da University College of London, verificou amostras de sangue de todos os 100 voluntários e descobriu algo assombroso. Aqueles que agregaram a cúrcuma a seus alimentos mostraram mudanças substanciais.
Os que tomaram placebo, é obvio, em nada mudaram suas vidas, assim como os que ingeriram as cápsulas com cúrcuma. Os cientistas encontraram alterações positivas em um gene específico que tem relação com três enfermidades: depressão, asma e câncer. É claro que há necessidade de promover mais estudos para verificar as potencialidades da cúrcuma, mas o começo parece auspicioso para o condimento da moda.
A glucosamina melhora as dores nas articulações?
A cifra é impressionante. Em 2014, venderam mais de 29.000 toneladas de suplementos com glucosamina, uma substância natural que muitas pessoas tomam para reduzir moléstias nas articulações. O dado impressiona porque a efetividade dos tratamentos com glucosamina são controvertidos. A causa das dores articulares podem estar associados a tecidos conectivos. A glucosamina é exatamente um dos componentes básicos encontrados nas cartilagens, ligamentos e articulações humanas.
Portanto, uma das teorias sustenta que doses extras de glucosamina estimulariam a produção de substâncias necessárias para a reparação desses tecidos. Mas a evidência científica que respalda o efeito positivo das pastilhas com glucosamina na redução de dores articulares não parece ser suficientemente sólida. Cientistas, independentes das indústrias de glucosamina, questionam seus efeitos no tratamento da osteoartrite e nas dores crônicas da zona lombar. E tem muito mais, há clara evidência de que são como as vitaminas industriais, não servem para nada.
Em colaboração com o professor Phil Conaghan, da Universidade de Leeds, na Inglaterra, um expert internacional em dores articulares, a BBC recrutou 80 pessoas que sofrem com doenças nos joelhos. Em conjunto com sua equipe, Conaghan avaliou o estado de suas articulações e lhes pediu que qualificassem o nível de dor que sentiam. Separou dois grupos. O primeiro tomou pílulas de glucosamina diariamente. O outro só realizou exercícios físicos.
Após dois meses, pediu às 80 pessoas que qualificassem a dor que sentiam. Mais da metade - 55% - dos que tomaram glucosamina reportaram uma redução significativa das dores - ao redor de 30% ou mais. Muitos se mostraram muito animados com o tratamento. Um deles afirmou sentir-se como novo. Paralelamente, o grupo que praticou exercícios, 80% reportou redução de dores. Mas, as pastilhas de glucosamina administradas pelo médico eram placebos - continham apenas açúcar.
Charque de vísceras, um remédio barato contra a anemia, é premiado
Quando matavam um carneiro em suas casas, na humilde comunidade indígena de Yanapampa, nos Andes peruanos, recolhiam o sangue e o pulmão e os cozinhavam imediatamente. Talvez não soubessem que esse alimento, por seu altíssimo conteúdo em ferro, era um potente antídoto contra a anemia que afeta a maioria das crianças da região. E mesmo que soubessem, não tinham uma geladeira para conservá-los. Ignoravam que seus ancestrais, em tempos pré-hispânicos, tinham um método bem simples para que durassem.
Até que a Ong Organização Internacional contra a Fome implementou um programa contra a anemia na região. O "charqui" - palavra do quéchua, uma língua local - vísceras, como fígado, o baço, o "bofe" - o pulmão de uma vaca - o coração e, inclusive, o sangue animal é desidratado, para ser conservado, utilizando o sal e o sol. Obvio, o método é o mesmo de nosso "charque". Esse programa, simples e barato, foi premiado recentemente como "melhor iniciativa de promoção da saúde". Crianças sem anemia é vital para a sociedade. A anemia infantil continua sendo uma ameaça no Brasil. Nada menos que 82% das crianças entre 11 e 13 meses apresentam o quadro, um dos problemas nutricionais mais presentes em todo o mundo.