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Em Pauta

A tolerância com o diminuto Partido Nazista do Brasil

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/02/2022 10:00
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As demonstrações de apreço ao nazismo estão de volta à pauta dos brasileiros. Não é novidade, desde a chegada dessa ideologia, há muita tolerância com os homens da suástica. Foram três anos de perseguição - 1942 a 1945 - e nada mais. Eles estão com suas bandeirinhas desfraldadas nas janelas e raramente se escondem.


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Uma festa no estádio de futebol de Porto Alegre.

Era 1937. Uma festa no campo do Renner, um time de futebol de Porto Alegre, comemorava o Primeiro de maio. Os comandantes da Terceira Região Militar, o da Polícia Militar, o presidente da Assembleia Legislativa e um representante do governador Flores da Cunha, estavam perfilados na tribuna. Seria uma formalidade qualquer? A cena pode parecer chocante. O público carregava bandeiras pintadas com suásticas e o braço direito estendido para o alto saudando um ausente Adolf Hitler. Esse evento não causou estranheza. Membros do Partido Nazista do Brasil organizaram o evento e em nenhum momento foram questionamos pelas autoridades.


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Partido Nazista espalhado em 17 Estados.

O nazismo sempre foi bem tolerado no Brasil. Até 1937, sucursais do partido de Hitler existiam a quase uma década por aqui, espalhadas em 17 Estados. O primeiro registro de um Partido Nazista em solo brasileiro é de 1928, de Timbó, Santa Catarina. Logo, a sede do partido se mudaria para a vizinha Blumenau. Em todos esses anos, emissários de Hitler que passassem por Santa Catarina, faziam visitas a Blumenau e às indústrias fundidas ali por alemães, como companhia a têxtil Hering.


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Nazismo bananeiro, como tudo que está no Brasil.

No Brasil, essa gente que adora matar judeu e se sente superior, adquiriu os usos e costumes tupiniquim. Cada cidade se organizava da maneira que dava. Não havia uma estrutura centralizadora. Muito menos uma orientação unificada. Era bem bananeira.


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"Raça brasileira", miscigenação, bloqueava o racismo.

O Brasil vivia o apogeu da ideia de "raça brasileira", de que a força do brasileiro está na miscigenação. Esse discurso, ainda que eivado de falsidade, bloqueou o discurso nazista de ódio aos judeus e superioridade da raça. Não era um tema fácil para os nazistas. Tiveram de amenizar. Não pareciam diferentes de outras entidades de acolhimento de alemães que chegavam. Diziam que foram fundados para congregá-los, manter a comunidade unida na nova terra.


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A pátria é o Partido Nazista.

Adotavam dois conceitos: "volksgemeinschaft" - comunidade nacional - e " volksgenosse" - compatriota. Todo e qualquer alemão era parte da primeira, mas só aqueles que concordassem com Hitler entravam no volksgenosse. A ideia era de igualar a noção de pátria alemã ao do partido nazista. No auge, chegaram a contar com 2,9 mil membros. Um número diminuto frente aos 87 mil alemães natos residindo no Brasil. A maior quantidade - 785 - estava em S.Paulo, seguido por Santa Catarina, com 528 e Rio de Janeiro com 447.


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As empresas amigas.

A comunidade alemã exercia importante influência, especialmente no Sul. Em Porto Alegre, a lista de anunciantes do jornal "Für Dritte Reich" - "Pelo Terceiro Reich", incluíam várias  empresas fundadas ou trazidas por alemães. É o caso da Bayer, Renner, Siemens e VARIG.
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