Aécio Neves - a habilidade de tirar as meias sem descalçar os sapatos
O perfil dos candidatos à presidência:
Aécio - a habilidade de tirar as meias sem descalçar os sapatos
Na véspera do dia marcado para a posse de Tancredo, que nunca aconteceu, Aécio foi nomeado secretário particular de assuntos especiais da Presidência. Duas semanas depois da morte do avô, Aécio foi ao Palácio do Planalto entregar o cargo a José Sarney, que acertou ali sua nomeação, já negociada, para a diretoria de loterias da Caixa Econômica Federal - CEF. No cargo, Aécio começou a costurar sua campanha a deputado federal.
Um ano depois, deixaria a CEF para oficializar sua candidatura à Câmara pelo PMDB. Seria o mais votado de Minas Gerais. Chegou ao Congresso em 1987. Na Constituinte, equilibrou-se entre as teses do Centrão, como o mandato de cinco anos para Sarney, e as de vertentes políticas mais à esquerda, como a desapropriação de terras pela função social e não pela produtividade.
Aécio Cunha, seu pai, cumpriu seis mandatos de deputado federal. Ao deixar a Câmara, com 60 anos, seria nomeado por Sarney para o Tribunal de Contas da União (TCU). Poucos dias antes de sua posse , em 1987, nota do diário Jornal do Brasil dizia que Aécio Neves votara pelos cinco anos de Sarney em retribuição à indicação do pai.
Aécio conquistara a unidade tucana em torno de sua candidatura para a presidência da Câmara de Deputados, arrancou o apoio não apenas do então Presidente da República FHC, mas também do PT de Lula. Eram evidentes os sinais de aproximação entre Aécio e o PT. No segundo turno de 2002, quando o mercado financeiro ardia em chamas com a perspectiva da eleição de Lula, Aécio se recusou a endossar o discurso do medo. Nessa eleição e na subsequente, Serra teria em Minas Gerais um desempenho aquém de sua média nacional, demonstração de força de Aécio do mesmo partido de Serra e de maior aproximação com o petismo.
Nas Minas de Aécio, a receita cresceu muito acima da inflação. O Estado é o segundo que, proporcionalmente, mais arrecada ICMS (Imposto sob Circulação de Mercadorias e Serviços). O sindicato dos auditores fiscais mineiros comprou uma longa luta contra Aécio afirmando que ele cobrava uma alíquota média de 30% de todos e uma baixa tributação sobre a atividade mineral.
Aécio tem evitado a armadilha que acusa o tucano de arrocho fiscal em 2015: "O que eu disse é que não governaria de olho nos índices de popularidade, agiria com responsabilidade". Qualquer um que seja o próximo presidente, se for minimamente responsável, terá de fazer ajustes.
Aécio espera se valer da tradição que lhe confere a capacidade de tirar as meias sem descalçar os sapatos com os quais entrou na corrida eleitoral. Vai, com certeza, precisar deles se pretende atravessar seu mandato indiferente à popularidade que uma eleição presidencial pode vir a lhe conferir.
Substâncias existentes na maconha, a droga mais polêmica da história, está sendo liberada pela Anvisa
A cannabis medicinal vem conquistando terreno na medicina. Muitos países já a aprovam e regulamentam para várias doenças. Epilepsia, dores em geral no câncer, esclerose múltipla, esquizofrenia, a lista de tratamentos com a droga mais polêmica não para de crescer.
Uma de suas substâncias, o CBD - canabidiol está em discussão avançada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária – a Anvisa. Na última reunião da instituição para discutir o assunto, a reclassificação do canabidiol foi relatada como "tecnicamente recomendável", mas "inócua e sem efeito prático". A observação de o canabidiol ser inócuo não leva em consideração as evidências científicas e está plasmada apenas pelo medo.
Várias famílias estão conseguindo permissão para importar essa droga diretamente com a própria Anvisa, que avalia cada pedido individualmente, sem precisar entrar na Justiça. No site do órgão, há um roteiro com orientações sobre como proceder para importar medicamentos que não existem no país. O uso medicinal da maconha só não é unânime no Brasil pelo medo e preconceito.
Mas o uso recreativo é outra história. Para esse uso há um quase consenso entre médicos e pesquisadores: o uso recreativo na adolescência e início da vida adulta pode causar problemas na aquisição de conhecimentos e também outros tantos problemas comportamentais. Eles relatam uma imensa probabilidade do abuso ser maior do que em adultos e o que denominam de "síndrome amotivacional" - déficit de atenção, prejuízo da memória, falta de interesse e outros aspectos que interferem na aprendizagem e na produtividade. Um dos problemas está na falta de controle sobre o conteúdo de canabinoides da maconha comercializada ilegalmente. Os cigarros de maconha com alta proporção de um desses canabinoide, o THC - tetraidrocanabidiol - aumentam o risco de ter uma experiência desagradável ou mesmo de surto psicótico em pessoas com predisposição. E está ocorrendo um aumento de THC na maconha ilegal - pulou de 3% nos anos 80 para 12% em 2012. As pesquisas nos Estados Unidos estão conduzindo ao uso recreativo da maconha com uma tarja: "só para adultos". Maconha e pornografia irmanadas. É o século XXI, acostumem-se.
As novas guerras travadas em Campo Grande. O duelo religioso e das rosas
Os ipês encantam os campo-grandenses desde há muitas décadas. A administração de André Puccinelli plantou mais de 20.000 mudas de ipês em todas as avenidas mais importantes da cidade. Em torno de 3.000 dessas mudas foram retiradas das ruas e levadas para residências, sítios e fazendas. A paixão é tão grande que não é possível tipificar a retirada dos ipês das ruas como "roubo". Mas uma parcela importante da nossa população também fica fascinada com a beleza das orquídeas. E as orquídeas também mereceram apoio dos antigos administradores públicos municipais com exposições e concursos. Mas o título de "Capital dos Ipês" era mantido.
Todavia, em uma ação coordenada pela associação dos orquidófilos, uma delas foi ungida com o título de "flor que representa Campo Grande". A reação foi imediata e despropositada. Muitas pessoas se emocionaram com a queda oficial dos ipês de seu posto. Alguns vereadores e o prefeito preferem as orquídeas. Passaram a entender que é mais um golpe da Câmara de Vereadores e do atual prefeito. É claro que é possível a convivência pacífica entre os ipês e as orquídeas. Uma não é predadora da outra. Basta boa vontade e um pouco de diplomacia para preservar o título de Capital dos Ipês e continuar apoiando toda e qualquer organização que se interesse por flores. Nada embeleza mais a cidade que já conquistou fama de ser bem arborizada.
Tecnomacumba é o nome da música. Creio que a quase totalidade da população sertaneja não têm ideia do que se trata. É um novo estilo musical? Mas todos sabem da "guerra" criada em seu nome. Um montículo de pólvora para acender as bombas do combate. O Prefeito e parte dos vereadores são evangélicos. Sua religiosidade lhes pertence, mas a Prefeitura, obrigatoriamente, é laica. Queiram vereadores e prefeitos ou não. O Brasil inteiro é laico, não pertence a qualquer religião, as leis assim obrigam. E em termos religiosos não existe postura mais correta e simpática que a do ecumenismo - o respeito a todas as religiões. Proclamar quintas-feiras para evangélicos, sextas-feiras para espíritas, sábados para umbandistas, domingos para católicos, segundas-feiras para os judeus e terças-feiras para mulçumanos é antes de mais nada um ato preconceituoso.
Ainda bem que a Câmara de Vereadores e a Prefeitura não têm problemas para ser resolvidos. A paz, a alegria, a concórdia e a boa administração estão instaladas em nossa capital. Mas é muito "interessante" trafegar na Avenida Ernesto Geisel e observar uma obra que levou mais de R$ 20 milhões de reais ruir. E depois ser refeita com iniciais R$ 47 milhões que passaram a ser R$ 50 milhões. Plantem orquídeas e toquem música gospel no entorno dessa Avenida.
O que estão fazendo as peladonas de Campo Grande e Três Lagoas
O brasileiro sempre foi um povo sexista, voltado para as questões do sexo e o desfile das peladonas está excitando a população do nosso Estado. É a informação e estupefação do momento.
Antes de maiores considerações, as mulheres têm o direito absoluto de usar o que quiserem em público - até mesmo nada -, mas precisam ser totalmente realistas quanto aos perigos do mundo, que jamais serão totalmente erradicados. As mulheres precisam ficar alerta às reações extremas que a beleza ou a nudez podem causar e devem ter controle sobre a própria segurança e estar preparadas para se defender. Infelizmente, muitas mulheres, incluindo algumas feministas, são assustadoramente ingênuas quanto ao entendimento da natureza humana. Para cada 99 homens racionais e confiáveis, que têm uma conduta ética, há um pervertido, que é conduzido por seus instintos animais primitivos de dominar e destruir. As mulheres precisam parar de esperar por figuras paternalistas que as protejam. É uma atitude conservadora equivocada. É uma fantasia construída pela burguesia pensar que o mundo pode ser completamente seguro, especialmente nas ruas. Não, nenhum lugar no mundo totalmente seguro, nunca existiu.
As peladonas não atentam apenas contra a moral e costumes, isso é de menor importância, as praias com topless, onde as mulheres mostram os seios, estão por todas as partes do mundo e não causam alvoroço. O problema é de segurança feminina. Se as mulheres desejam direitos iguais, também devem aceitar que precisam ser responsáveis à altura.
Plantar soja sobre soja. Os "aventureiros" estão colocando em risco o plantio de soja brasileiro
A Aprosoja-MT chama os agricultores que estão plantando soja e, após o vazio sanitário, outra colheita de soja, de "aventureiros". O temor é, principalmente, com a ferrugem, mas também com muitas outras pragas e doenças. O problema, segundo especialistas, é que o raciocínio, considerado imediatista, tem mais peso que os riscos. O produtor vai para onde pode ganhar mais dinheiro e está trocando o plantio do milho por soja. Soja sobre soja. O vizinho Mato Grosso plantou 150 mil hectares da apelidada "soja safrinha", o Paraná entrou com 110.000 e o Mato Grosso do Sul com 20.000.
É pouco, estatisticamente insignificante quando comparado com a safra principal, mas o risco que gera é muito grande. Poderá levar a um impacto sobre o solo, inclusive de quem não se "aventurou" nas próximas safras. A ferrugem asiática vem limitando esse plantio aventureiro há a necessidade de até seis aplicações de defensivos. E, neste caso, a questão não é só o custo para o produtor, o maior problema é a possibilidade de perda de eficácia dos defensivos existentes. "Se houver perda de eficácia agora, pode comprometer por vários anos a safra de soja" vem alertando a Embrapa Soja.