As lendas pantaneiras. Ressurge um canto de guerra
Por Mário Sérgio Lorenzetto | 29/02/2024 08:30
Das águas pantaneiras emergiram muitas lendas. Algumas guardam incrível criatividade; outras, receberam influências de outras regiões bem claras. Só uma exalta a guerra, a disputa por terras entre fazendeiros e indígenas. Via de regra, são divertidas ou visam criar tremor em incautos e criancinhas. Lendas, como qualquer outra manifestação cultural ou artística, tem posição ideológica, tem lado político. Ainda que não desejem explicitar. O mais interessante caso é o de Manoel de Barros e Lobivar de Barros Matos. Ambos com mesmo sobrenome e, talvez, um remoto parentesco, evocado por Abilio, irmão de Manoel. O primeiro, e mais conhecido, ainda que tenha passado algum tempo nas fileiras comunistas, foi o esplêndido cantor da vida como contada pelos fazendeiros. Uma bela vida. Lobivar foi o inverso. Apadrinhado pelo chefão da ditadura Filinto Müller, era o grande cantor das agruras de indígenas e de favelados. Triste vida.
O pé-de-garrafa.
Descrito como um homem com o corpo totalmente coberto de longos pelos, que funcionam como uma armadura, só pode ser morto se for atingido no umbigo, único local onde é careca. Alguns afirmam que tem cara de cavalo. Há os que dizem que seu rosto é semelhante ao de um cão. Sua característica principal é ser um saci com um perna só, mas o pé tem o formato de um fundo de garrafa. Anda aos pulos como um canguru, deixando as marcas de um garrafa no chão. Emite fortes assobios para indicar que é dono do território. Os invasores são levados para uma caverna onde são devorados. É evidente que sob o manto da lenda está a posse da terra, criar medo em possíveis invasores.
Descrito como um homem com o corpo totalmente coberto de longos pelos, que funcionam como uma armadura, só pode ser morto se for atingido no umbigo, único local onde é careca. Alguns afirmam que tem cara de cavalo. Há os que dizem que seu rosto é semelhante ao de um cão. Sua característica principal é ser um saci com um perna só, mas o pé tem o formato de um fundo de garrafa. Anda aos pulos como um canguru, deixando as marcas de um garrafa no chão. Emite fortes assobios para indicar que é dono do território. Os invasores são levados para uma caverna onde são devorados. É evidente que sob o manto da lenda está a posse da terra, criar medo em possíveis invasores.
Um canto de guerra para Aleixo Garcia.
Aleixo Garcia é a lenda máxima do guarani guerreiro. Do ethos de um povo que teria nascido para conquistar, para derrotar a todos. Em seu momento apoteótico, teria levado a derrota os mais ricos e cultos povos da América do Sul: os incas. Não só os fez sucumbir, teria também lhes roubado imensa fortuna. Nascido em Portugal ou na Espanha, cada um conta como bem entender, essa figura lendária, teria chegado, talvez voando no início do século XVI, em Santa Catarina ou no Paraná. Com imenso exército de guaranis, principalmente do Paraguai, foi à Bolivia incaica. Não passa de uma lenda. Uma aparente lenda idiotizada. Mas é perigosa. Seu ressurgimento visa provocar a sanha de conquistar terras que estão sob a propriedade de fazendeiros.
Aleixo Garcia é a lenda máxima do guarani guerreiro. Do ethos de um povo que teria nascido para conquistar, para derrotar a todos. Em seu momento apoteótico, teria levado a derrota os mais ricos e cultos povos da América do Sul: os incas. Não só os fez sucumbir, teria também lhes roubado imensa fortuna. Nascido em Portugal ou na Espanha, cada um conta como bem entender, essa figura lendária, teria chegado, talvez voando no início do século XVI, em Santa Catarina ou no Paraná. Com imenso exército de guaranis, principalmente do Paraguai, foi à Bolivia incaica. Não passa de uma lenda. Uma aparente lenda idiotizada. Mas é perigosa. Seu ressurgimento visa provocar a sanha de conquistar terras que estão sob a propriedade de fazendeiros.