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Em Pauta

As universidades brasileiras estão mortas

Mário Sérgio Lorenzetto | 06/09/2017 07:45
As universidades brasileiras estão mortas

Ainda que os Estados Unidos tenham saído da recessão, há muita miséria criada pela crise de 2008. Não é muito diferente do que ocorre no Brasil. O que continua sendo decisivo para diferenciar os Estados Unidos do Brasil são as universidades. A universidade, tal e como é concebida no Brasil, é um poço de sabedoria que só coleta a "água do saber" do passado. É como se alguém fosse ao Oráculo de Delfos para que ele te explique como é isto e como é aquilo. Para que te diga que as coisas são assim e ponto final. Se você quer ser professor de uma faculdade de Direito no Brasil têm que ensinar Direito Constitucional, Direito Romano, Direito Penal... o mesmo currículo em todas. Mas nos Estados Unidos as universidades são uma porta aberta ao conhecimento. Por exemplo, se você chega como professor de uma faculdade de Direito em N.York e a tua formação têm a ver com o cinema, você pode propor um curso sobre como foram representados os advogados no cinema ao longo de sua história. Você propõe esse curso e em seguida, se vinte alunos nele se inscreverem, começará a ministrá-lo. Mas se apenas três alunos se inscreverem, você estará fora da universidade. E assim continuará ano após ano. Há uma imensa montanha de conhecimentos sendo ofertados nas universidades norte-americanas. Há uma imensidão de professores que têm de se esforçar para continuar no ano seguinte a ter alunos interessados em suas aulas. Isso é impensável em uma universidade brasileira, elas funcionam como se fossem uma biblioteca: ensinam o que ocorreu há muito tempo, raras vezes sabem o que está ocorrendo no mundo. As universidades norte-americanas não são organismos mortos, que só olham para o passado. São organismos vivos que estão crescendo e estão captando o talento atual para criar novas vias do conhecimento.

As universidades brasileiras estão mortas

Um desconhecido Mr. Adam Smith, o gênio distraído.

Antes de se torr famoso por sua sabedoria e humanismo, foi famoso por suas distrações. Um dia, um cocheiro de diligência, que fazia o trajeto de Edimburgo a Kirkcaldy (Escócia), encontrou em pleno descampado, muito distante da cidade, uma figura solitária. Freou os cavalos e perguntou ao cavalheiro se necessitava de ajuda. Só então este, olhando surpreso a seus redor, percebeu onde estava. Mergulhado em suas reflexões havia passado várias horas andando. Em outro momento, apareceu na rua com a roupa de dormir, falando sozinho. Anos mais tarde os moradores de Edimburgo se acostumaram com aquele idoso que dava voltas pelo bairro antigo, em horários inesperados, movendo os lábios em silencio. Era um ancião solitário a quem todos chamavam de sábio.
Nasceu em Kirkcaldy em um dia de 1723. É falsa a lenda de que foi sequestrado por um grupo de ciganos. Foi à escola local e deve ter sido um aplicado estudante de grego e latim, pois a universidade de Glasgow o eximiu de cursar o primeiro ano, dedicado às línguas clássicas, quando entrou nela aos 14 anos. Três anos mais tarde recebeu uma bolsa para Oxford. Nada sabemos desse período além do fato de que foi repreendido por ler uma obra de David Hume - mais tarde seu amigo - que era detestado pelos diretores da universidade por ser ateu. Ao sair de Oxford proferiu célebres conferencias em Edimburgo que só chegou até nós pelas anotações dos estudantes. Desde então seria a mais destacada figura do chamado Iluminismo Escocês.
Foi professor na universidade de Glasgow, primeiro de Lógica e depois de Filosofia Moral. Sua aulas faziam tanto sucesso que alunos de todos os cantos do Reino Unido iam escutá-las. Adam Smith muito se surpreenderia se descobrisse que no futuro seria chamado de "Pai da Economia". Ele sempre se considerou um filósofo moral, apaixonado por todas as ciências e as letras, e, como todos os intelectuais escoceses de sua geração, intrigado pelos sistemas que mantinham a ordem natural e social. Convencidos que somente a razão poderia explicá-los.
Seu primeiro livro, que só foi publicado postumamente, foi "Ensaio sobre a História da Astronomia". E, outro, sobre a origem das línguas. Viveu fascinado por averiguar o que mantinha a sociedade unida e estável, sendo os seres humanos tão egoístas, desobedientes e pouco solidários.
Em outro livro publicado, "A Teoria dos Sentimentos Morais", explica a argamassa que mantem unida uma sociedade apesar de sua diversidade e das forças dissolventes que nela se aninham. Adam Smith chama de simpatia esse movimento natural de aproximação com o próximo que prevalece sobre os instintos e paixões negativas. Essa visão das relações humanas é positiva, afirma que os sentimentos morais termina sempre por prevalecer sobre as crueldades e horrores cometidos em todas as sociedades.
Adam Smith só saiu uma vez do Reino Unido e quando na França, encontrou com Voltaire, a quem havia citado elogiosamente. Ao voltar à Escócia três anos depois, praticamente se trancou em sua casa para escrever seu livro mais famoso "Uma Investigação Sobre a Natureza e as Causas das Riquezas das Nações". A primeira edição levou seis meses para esgotar. Houve mais cinco edições quando o autor ainda vivia. Ele conheceu as traduções de seu livro em francês, espanhol, dinamarquês, italiano e alemão. Os elogios foram quase unânimes. Seu amigo David Hume afirmou que o livro era mais lido que "A história do declínio e queda do Império Romano", de Edward Gibbon, um feito inimaginável para a época pois o livro de Gibbon só perdia para a Bíblia.
Adam Smith jamais suspeitou da importância que seu livro para todo o mundo por tantos séculos. Morreu triste por não ter conseguido escrever um tratado de jurisprudência que, pensava, completaria sua averiguação dos sistemas que explicam o progresso humano. Seu livro revolucionou a economia, a história, a filosofia e a sociologia. Por incrível que pareça, é uma leitura quase inexistente em nossas universidades.

As universidades brasileiras estão mortas

O atleta mais rico da história.

Façam suas apostas. Quem é o atleta mais rico da história? Vale dizer que ele nasceu em Portugal, mas só ficou famoso na Espanha. Seria Cristiano Ronaldo? Talvez Messi tivesse dupla nacionalidade... Há muito debatemos os valores "absurdos" que são pagos aos atletas. Essa data, em verdade, é bem mais longínqua do que podemos imaginar. O atleta mais rico da história nasceu no século II depois de Cristo.
Caio Apuleio Diocles nasceu na Lusitânia (Portugal atual) e sua fama surgiu em Lleida (atual Lérida, na Espanha).
Caio Diocles tornou-se profissional no Circo Máximo, em Roma, aos 18 anos e competiu durante 24 anos. Ele era chamado de "Lamecus" e deu fama à sua cidade natal, hoje denominada Lamego. Caio tinha uma aptidão fora do normal para conduzir quadrigas - uma pequena carroça puxada por quatro cavalos. Em Roma, começou competindo pelo time dos "albatis" (brancos), o Corinthians da época. Quatro anos depois estava correndo pelos "prasini" (verdes), o Palmeiras romano. Aposentou-se competindo pelos "russati" (vermelhos), o São Paulo do Império Romano. Em uma inscrição dedicada a Caio Apuleio Diocles, atribuem-lhe 4.257 corridas e 1.426 vitórias. Segundo estudos da Universidade da Pensilvânia (EUA), Caio continua sendo o atleta mais rico da história. Estimam que os 35.863.120 sestércios ganhos pelo condutor de quadrigas seriam suficientes para fornecer cereais a toda a população de Roma por um ano e seriam equivalentes a 11,6 bilhões de euros.

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